(Porto Alegre) O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e a Federação dos Bancários do RS promoveram no final da manhã desta quinta-feira, dia 28, uma manifestação em frente à agência Sete de Setembro do Santander. O local, fechado durante o ato, foi escolhido porque o banco espanhol é um dos líderes em desrespeito aos direitos dos trabalhadores que sofrem com LER/Dort.
No protesto, para marcar o Dia Estadual de Combate à LER/Dort, foi denunciado o caso da agência da Avenida das Missões, para onde são encaminhados os funcionários que retornam após licença saúde. Visitado na manhã desta quinta-feira pelo Sindicato dos Bancários, a agência se transformou em um “depósito de pessoas”. As pessoas não têm qualquer função, sendo discriminados e segregados do trabalho. Dos 23 bancários, 17 encontram-se nesta situação.
“Desde que se instalou no Brasil, o Santander visa o lucro a qualquer preço e o custo é o adoecimento de seus trabalhadores”, denunciou o diretor de Saúde do SindBancários, Antonio Carlos Pirotti. E acrescenta: “a atitude do Santander é uma afronta à cidadania e ao trabalho digno”.
A violência no trabalho fez 2.700 vítimas fatais em 2005, uma média de quase dez óbitos por dia. Os bancários compõem esta estatística que merece tanta atenção quanto à violência urbana. A sobrecarga de funções, com a redução de pessoal nas agências, coloca a saúde em risco. Tanto que a categoria é a mais atingida por problemas de LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) no País.
“As doenças de trabalho mutilam muito mais do que a violência urbana e do trânsito. Muitos bancários adoecem por causa do excesso de trabalho. Na hora em que precisam do acolhimento, tratamento e proteção, o banco cria um depósito humano, uma fábrica de adoecimento e segregação”, protestou o diretor Mauro Salles.
Para a diretora da FEEB-RS, Denise Correa, a escolha do Santander não foi por acaso, pois o banco é um péssimo exemplo do tratamento desumano dado aos seus funcionários.
“Estamos ao lado do Santander Cultural, mas cabe lembrar que a cultura também é feita com o respeito a todos. Por isso, o Sindicato continuará alerta, vigilante e promovendo esse debate com os patrões e a sociedade para reverter essa situação”, reforçou o secretário-geral do Sindicato, Fabio Soares Alves.
A ameaça dos bancos faz com que muitos trabalhadores sequer procure ajuda, com medo de perder o emprego. De 2007 até hoje, quase 500 pessoas procuraram o Sindicato com problemas de saúde. Nestes 15 meses, a LER aparece como primeira causa de afastamento, com 315 casos. Depois vem a LER acompanhada por sofrimento psíquico, com 56 registros. O SindBancários quer mudar esta situação e destaca que os bancários doentes dispensados no retorno da licença-saúde têm sido reintegrados via ações judiciais.
Fonte: Seeb Porto Alegre