(Porto Alegre) Os bancários retardaram até as 11h desta quarta-feira, dia 31 de outubro, a abertura da agência Farrapos do Santander, em Porto Alegre, em protesto contra a insegurança e o descaso do banco com as vítimas de assaltos e seqüestros. Na agência trabalhava o gerente seqüestrado junto com a família no último dia 10, em sua casa, ficando mais de 12 horas na mira da bandidagem. Apesar dos pedidos do Sindicato, o Santander ainda não emitiu a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).
No dia seguinte, ele foi obrigado a sacar dinheiro na agência, enquanto a esposa e o filho continuavam nas mãos dos criminosos, sob ameaça de morte. A família foi libertada somente depois que a quadrilha recebeu o valor exigido.
Além de não emitir a CAT, o banco não providenciou atendimento médico e psicológico. Trata-se de um profundo desrespeito a um trabalhador que há mais de 17 anos se dedica ao banco.
O presidente do Sindicato de Porto Alegre, Juberlei Baes Bacelo, lamenta a conduta do Santander e diz que segurança é item essencial hoje para garantir condições de trabalho e atendimento à população. “O banco é apenas mais um exemplo de descaso. As instituições ganham bilhões de reais em lucros, mas aplicam quase nada em medidas para proteger trabalhadores e clientes contra a ação dos bandidos”, destaca.
Como se não bastasse, correm boatos de que ele pode ser demitido. “Em novembro de 2004, uma gerente foi demitida sem justa causa, menos de três meses após ter sido refém de uma quadrilha durante seqüestro junto com o marido e o filho menor, no interior do Estado. O banco também se negou a emitir a CAT. Ela, no entanto, foi reintegrada ao trabalho, por força de uma decisão judicial”, lembra o diretor do Sindicato, Ademir Wiederkehr.
“O medo e o trauma gerados pelo seqüestro provocam danos à saúde mental do trabalhador, sendo que os problemas podem surgir muito tempo depois da ocorrência”, alerta o diretor do Sindicato dos Bancários, Mauro Salles Machado, que insiste na emissão da CAT, na assistência médica e psicológica e na garantia de emprego.
Uma carta aberta foi entregue a usuários e clientes. O Sindicato cobra o cumprimento de leis municipais que obrigam a instalação de portas giratórias em todos os acessos destinados ao público e de câmeras de vídeo em todas as agências e postos. Outra reivindicação é a abertura e fechamento das unidades por empresa especializada em segurança.
Para o Sindicato dos Bancários, a vida não tem preço e precisa ser colocada acima do lucro.
Fonte: Seeb Porto Alegre