Bancários de Porto Alegre paralisam Santander Cultural contra demissões

Protesto contra as dispensas no prédio da Superintendência Regional

Os bancários de Porto Alegre fecharam pela primeira vez nesta quarta-feira, dia 5, o prédio do Santander Cultural. Manifestações semelhantes ocorreram por todo o Brasil, com várias agências paralisadas, em protesto contra as demissões em massa no banco espanhol, às vésperas do Natal.

Gerentes, coordenadores e até superintendentes estão entre os demitidos. Além disso, bancários com 20, 30 anos de casa e perto de aposentadoria também foram alvo das dispensas.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Paulo Stekel, explicou que a a mobilização visa tentar reverter as demissões. “Temos informações de que gerentes gerais que cumpriam metas foram demitidos”, denunciou.

“Vamos lutar para reverter isso. Um banco que lucra o que o Santander lucra no Brasil não pode decidir que vai demitir e mandar um monte de gente embora de uma hora para outra. Ainda mais perto do Natal”, disse a diretora do Sindicato, Natalina Gue.

“Fui demitida de uma hora para outra sem que me fosse dado o direito de saber o motivo”

Uma coordenadora, demitida na terça-feira, dia 4, de uma unidade de Porto Alegre, fez um relato que é exemplar. Mostra a dimensão do efeito que uma decisão estratégica de gestão tem sobre a vida das pessoas que trabalham, e muito, para cumprir as metas abusivas do Santander.

Confira o relato:

“Ontem (terça-feira, 4), cheguei às 8h30 na agência e, fui, como sempre, para a reunião com gerentes. Quando eu estava subindo a escada, a colega do RH me disse que queria falar comigo. Pediu para que eu sentasse na frente da mesa dela. Estranhei um pouco. Às 8h40, eu estava demitida. Levei um grande susto. Fui demitida de uma hora para outra sem que me fosse dado o direito de saber o motivo. Trabalho muito pelo banco. Cumpro as metas e até extrapolo.

Não esperava que fossem me demitir pouco antes de eu completar idade para me aposentar. Em fevereiro, faço 60 anos e poderia me aposentar. Mas o banco preferiu negar este benefício para mim que dediquei 19 anos da minha vida. É isso que eles têm reservado para quem se dedica: a demissão sem explicações.

Eu tenho uma dificuldade adicional. Minha mãe operou a coluna há um mês. Ela é minha dependente no plano de saúde que tinha no banco. Para mim, não vai ter problema, porque tenho mais um tempo de plano de saúde, mas para a minha mãe só tem mais um mês. O plano de saúde de um agregado é a primeira coisa que eles cortam. Ainda não sei o que vou fazer. Esse critério de demissão por eficiência não foi o meu caso. Eu não queria sair. Gosto do meu trabalho.

A obrigação é ficar cumprindo metas que eles mudam e ampliam toda hora. É pressão em cima de pressão. Para cumprir meta, vale até embutir nos clientes os serviços que o banco oferece e fazer o cliente acreditar que vai ser o melhor para ele. Mesmo se dedicando e cumprindo metas, o banco não valoriza.”

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram