Bancários de Porto Alegre apresentam notícia-crime sobre venda de ações do Banrisul

Acompanhado do ex-governador do Estado e ex-ministro da Justiça Tarso Genro, assim como de Fabiano Machado da Rosa, ambos advogados do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, o presidente do Sindicato, Everton Gimenis, entregou na manhã da terça-feira (8), ao procurador-geral de Justiça do Estado, Fabiano Dallazen, Notícia Crime que elenca uma série de irregularidades no processo de venda de ações do Banrisul, através dos leilões dos dias 10 e 27 de abril. “Esses leilões foram feitos com vários pontos obscuros que precisam ser analisados com rigor técnico. Por isso estamos solicitando a ação do Ministério Público”, disse Gimenis.

Tarso Genro disse que a entrega do documento ao MP visa a esclarecer se os processos legais foram formalmente obedecidos e se não há qualquer delito nas operações. “Não é um pedido de apoio ao Ministério Público”, esclareceu. “Se trata aqui de pedir que o MP avalie esse processo como fiscal da lei que é. Suspeitamos de que haja aqui um enfraquecimento dos acionistas, visando privatizar o banco”, afirmou o ex-governador. “Não buscamos investigação sobre o Banrisul, uma instituição saudável e fundamental ao Estado, mas especificamente sobre a venda nebulosa dessas ações”, reforçou Tarso.

Instalação de expediente

Dallazen, juntamente com o sub-procurador geral de Justiça, Cesar Araújo Faccioli, recebeu o dossiê do SindBancários, “Vamos pedir a instalação de um expediente para verificar eventuais irregularidades no processo e, quando tivermos uma definição, daremos uma resposta ao pedido do Sindicato”, garantiu. Segundo ele, a apuração deverá ser feita pela própria Procuradoria Geral da Justiça ou pela Promotoria do Patrimônio Público após análise dos pontos obscuros verificados na realização dos dois leilões de papéis do Banrisul.

Total falta de transparência

O advogado Fabiano Machado da Rosa foi enfático: “Estamos diante de um absurdo do ponto de vista da praxe do mercado no processo de venda de ações, que demonstra a total falta de transparência, uma venda do dia para a noite que contraria instruções da CVM, falta de diálogo com a sociedade e o parlamento, descumprimento de representação formulada em 2017 pelo Ministério Público de Contas e, como resultado, a imprensa noticia a desvalorização do valor das ações gerando perda ao erário público e atuando para privatizar o Banrisul que é lucrativo e possui gestão exemplar”. O advogado ainda questionou: “Quem ganha com isso afinal?”

Denúncia em várias instâncias

A Notícia Crime entregue ao MP pelo SindBancários, nesta manhã, se junta ao pedido de CPI feito à Frente Parlmentar em Defesa do Banrisul Público, ao Pedido de Informações encaminhado pela AL ao Governo do Estado e às medidas ajuizadas perante a Justiça Estadual, ao MPCRS, à CVM, ao BACEN e à SDE do Ministério da Justiça.

Não é sem razão que os leilões de ações preferenciais e ordinárias do Banrisul, realizados a toque de caixa, têm chamado tanto a atenção. “Nós do Sindicato acreditamos que o governador Sartori – sempre que tiver problemas de caixa – tentará realizar novos leilões de papéis do Banrisul, mesmo que seja de modo irregular, como vem acontecendo”, concluiu Everton Gimenis.

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