Bancários de HSBC e Itaú Unibanco preparam Jornada Internacional de Lutas

Os bancários de HSBC e Itaú Unibanco irão procurar as direções das duas empresas na América Latina para iniciar negociações por garantia da livre organização dos trabalhadores, fim das práticas antissindicais e melhorias das condições de trabalho. A decisão foi tomada durante a primeira etapa da 5ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais, realizada nos dias 26 e 27 de novembro, em Santiago, no Chile.

Participaram do evento dirigentes sindicais dos dois bancos e do BBVA de diversos países da América Latina, entre eles Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e outros. A segunda etapa continua nesta terça e quarta-feira, dias 1° e 2 de dezembro, em São Paulo, com os encontros dos bancários de Banco do Brasil, Santander e da Rede de Bancos Públicos.

“A primeira parte do evento, realizada no Chile, foi muito positiva e esperamos concluir as atividades no Brasil com o mesmo ritmo, efetivando a estratégia do movimetno sindical de buscar instrumentos para lutar pelos direitos fundamentais do trabalho”, afirma Ricardo Jacques, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT.

Os trabalhadores de HSBC e Itau Unibanco aprovaram também a realização, entre os dias 14 e 18 de dezembro, de uma Jornada Internacional de Lutas por melhores condições de trabalho e contra as práticas antissindicais adotadas pelas empresas, que desrespeitam convenções internacionais.

Veja a situação dos bancários de Itaú e Unibanco relatada pelos representantes de cada país presente à reunião:

Itaú Unibanco

Brasil: Representados pela Contraf-CUT, os bancários brasileiros apresentaram suas principais demandas para o próximo período – Remuneração, Participação nos Lucros e Resultados, Plano de Cargos e Salários, Saúde e Condições de Trabalho, e Segurança Bancaria. Informaram ainda que está em andamento um processo de negociação sobre Previdência Privada e que foi concluído no último semestre a negociação sobre a unificação do Plano de Saúde para todos os trabalhadores no Brasil, com conquistas. Também foi apresentada a preocupação com as demissões causadas pela fusão.

Chile: O debate dos trabalhadores aponta para a falta de condições na organização dos locais de trabalho devido à perseguição que o banco promove aos sócios do sindicato, discriminando-os em relação aos demais. Contratação precarizada (salário inferior) e dificuldade de ascensão profissional são algumas das discriminações apontadas. A terceirização, dificuldade em marcar reuniões com o Itaú e a não resolução de problemas por parte do banco apontam o descaso com os trabalhadores. A questão da isonomia nos cargos e salários e a discriminação entre homens e mulheres são demandas urgentes para o próximo ano.

Paraguai: A prática de perseguição aos dirigentes sindicais e o não cumprimento de leis locais e acordos coletivos mostram o descaso do grupo Itaú/Interbanco com os trabalhadores paraguaios. Ainda não foi resolvida a reintegração da dirigente sindical Marisol Rojas, demitida do banco enquanto estava grávida.

Uruguai: Os trabalhadores apontam a isonomia de cargos e salários, um novo programa de previdência privada e a proteção aos empregos como as principais demandas para o próximo ano.

Argentina: Os representantes da entidade sindical La Bancária apresentaram a preocupação com o número elevado de demissões sem justa causa.

HSBC

Paraguai: Os bancários destacaram a recusa do banco inglês em rediscutir o acordo coletivo, que já está vencido. O banco evita a discussão para evitar aumentar salários, regidos pela média do mercado. O sindicato reivindica a remuneração média da categoria mais um adicional pela inflação. Os trabalhadores relataram também que conquistaram o pagamento de horas extras mediante denúncia ao Ministério de Justiça de Trabalho. Também foram denunciadas condições insalubres dos trabalhadores; um sistema de avaliação unilateral que não remunera adequadamente; e perseguição sindical. Além disso, o banco está levando a cabo a implementação do sistema HSBC One para o mês de fevereiro e o sindicato está em alerta pelos postos de trabalho.

Argentina: Os trabalhadores relataram que, por meio de denuncia ao Ministério de Trabalho, conseguiram reverter a demissão de diversos trabalhadores. Também foram informadas as más condições de trabalho e remuneração dos bancários, pressionados a efetuar horas extras sem receber o pagamento. Os problemas de saúde são constantes pelas pressões indevidas tanto no setor de call center como nas agências. O sistema de qualificação só beneficia aos altos funcionários e não aos trabalhadores na distribuição dos bônus. A implementação do sistema HSBC One mantém em alerta o sindicato.

Uruguai: Segundo o projeto de expansão que o banco desenhou para o Uruguai, o quadro de funcionários no país aumentou em 200 trabalhadores no período de dois anos – em 2008, por conta da crise internacional, o recrutamento de trabalhadores diminuiu. Agora, HSBC, BBVA e Itaú Unibanco estão disputando a compra da filial Uruguaia do Credit Agricole, sendo que, caso o banco inglês vença a concorrência, crescerá em 500 trabalhadores e terá uma porção de mercado de 15% no país. Dessa forma, o sindicato está seguindo com muita atenção este processo de venda e exige que se mantenham todos os postos e condições de trabalho tanto para os bancários do Credit Agrigole como do HSBC. A jornada de trabalho é um ponto importante, uma vez que HSBC e Citibank são os únicos bancos privados que têm uma jornada de 8 horas – no resto são 6 horas e meia. É uma reivindicação do sindicato que os trabalhadores do banco trabalhem o mesmo horário que os demais bancários.

Chile: Só existe uma agência de representação do banco no país, o que inviabiliza a organização dos trabalhadores através de um sindicato. No entanto, conforme avança a expansão que o banco está promovendo na América Latina, é muito provável que ocorra a abertura de novas agências no Chile ou a compra de outra empresa. A Confederación Bancária de Chile informou que se colocará em contato com os bancários da representação do HSBC no Chile para que, se esta situação se confirmar, organizar uma forma de representação sindical para defender os direitos desses trabalhadores.

Colômbia: Houve acordo convencional em setembro deste ano, quando o banco modificou sua estratégia e propiciou uma negociação com avanços importantes para os trabalhadores em matérias econômicas e normativas. No entanto, uma vez acontecida a negociação, foi iniciado um processo de readequação do quadro funcional, sustentado por uma suposta mudança do perfil dos trabalhadores. Isto significou o desligamento, através de um programa de “demissão voluntária”, de um número importante de bancários. Nesse processo, foram feitas entrevistas e provas que pretendem medir as habilidades comerciais dos trabalhadores, que se convertem como determinante para a estabilidade laboral. Não ficou claro o nível de transparência desses processos de seleção.

Costa Rica: Pela situação antisindical que prevalece na Costa Rica não há informação apesar de ser solicitada pelo Sindicato de Empleados del Banco Nacional de Costa Rica.

Brasil: O HSBC vem mantendo uma postura intransigente, desrespeitando os bancários, se utilizando de práticas antissindicais e desrespeitando a mesa especifica. O banco vem aumentando absurdamente o provisionamento de contas e isto gerou uma redução do lucro líquido apresentado pela empresa de R$ 2,1 bilhões para R$ 250 milhões, rebaixando a PLR dos bancários. Contudo, o pagamento de bonificações a acionistas ocorreu pelo valor maior. O movimento sindical iniciou negociações com a empresa para rever essa situação, mas o banco divulgou em normativos internos sua decisão sobre a PLR sem antes dar uma resposta aos representantes dos trabalhadores.

Esta postura agravou a insatisfação do funcionalismo, o que ficou visível quando os bancários demonstraram toda sua indignação através do blog do presidente da empresa, Conrado Engel. O executivo postou uma carta com sua discordância e mandou retirar o blog do ar. O quadro de insatisfação dos funcionários é generalizado e muitos trabalhadores estão pedindo para sair do banco. Os trabalhadores bancários no HSBC Brasil continuam sua luta com base nos seguintes eixos:

– Emprego: combate às demissões imotivadas;
– Saúde e Condições de Trabalho: respeito ao cumprimento da jornada de 6 horas e aos bancários lesionados e afastados;
– Remuneração: melhores salários e pagamento justo da PLR;
– Segurança Bancária: mais segurança nas agências.

BBVA

Os trabalhadores do banco espanhol também participaram da 5ª Reunião, no Chile, e debateram as prioridades para o próximo período, bem como a organização da Jornada de Internacional de Lutas. Os bancários denunciaram uma forte queda no número de postos de trabalho no BBVA em todo o mundo, especialmente no México e na América do Sul, e reivindicaram estabilidade no emprego. Outro ponto destacado foram as situações insustentáveis dos bancários da Colômbia e Paraguai, onde o banco vem promovendo ataques constantes à liberdade de organização dos bancários, visando eliminar as entidades sindicais.

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