Bancários de Campinas decidem entrar em greve a partir do dia 19

Trabalhadores rejeitaram proposta de 6,1% da Fenaban

Os bancários de Campinas e Região entram em greve na próxima quinta-feira, dia 19, por tempo indeterminado. A decisão foi aprovada em assembleia realizada na sede do Sindicato nesta quinta-feira (12) à noite, após a categoria rejeitar por unanimidade a contraproposta da Fenaban apresentada na quarta e última rodada, no último dia 5, em São Paulo.

A greve é a única resposta à altura da provocação feita pela Fenaban ao propor reajuste de 6,1% (inflação do período pelo INPC), sem aumento real – a categoria reivindica 11,93%. É preciso repassar aos salários os ganhos de produtividade, garantir e ampliar o poder de compra.

No período de 2004 a 2011, por exemplo, os aumentos reais de salários totalizaram 13,94% depois de muita mobilização e greves. No mesmo período, os ganhos reais foram de 31,70% no piso.

A greve também é uma resposta ao desrespeito da Fenaban que, após praticamente um mês de negociação, não propôs nada que valorize a PLR, o piso, as questões relacionadas à saúde, segurança, condições de trabalho emprego e igualdades de oportunidades.

Inclusive a Fenaban encerrou a negociação dizendo que era “ou pegar ou largar”, pois não haverá outra contraproposta. Nesse ponto, claro, o quadro muda. A categoria não vai aceitar nenhuma contraproposta rebaixada, diante da alta lucratividade do setor financeiro. No primeiro semestre deste ano, os seis maiores bancos lucraram R$ 29,6 bilhões.

“Os bancários querem a sua parte nos lucros, alcançados no dia a dia. Os bancários querem também condições dignas de trabalho. A categoria não suporta mais o ritmo alucinado de trabalho, que resulta em adoecimento. A greve é o único caminho, neste momento, que pode levar a categoria a garantir e ampliar seus direitos. Como está bastante evidente, sem pressão não existirá nova contraproposta. Com unidade nacional, com a greve nos bancos privados e públicos, poderemos virar a mesa”, avalia o presidente do Sindicato, Jeferson Boava.

Assembleia organizativa

Na próxima quarta-feira (18), o Sindicato realiza assembleia para organizar a greve. Será às 19h, na sede em Campinas.

Contraproposta da Fenaban

Reajuste – 6,1% (inflação do período pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc.)

PLR – 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado).

Parcela adicional da PLR – 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.

Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho, em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.

Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa de programa.

Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.

Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.

Reivindicações dos bancários

– Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real mais inflação)

– PLR: três salários mais R$ 5.553,15.

– Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).

– Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

– Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.

– Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.

– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

– Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.

– Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.

– Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.

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