Bancários de Brasília param agências do Itaú e protestam contra demissões

Dia Nacional de Luta reforça mobilização em defesa do emprego

Contra as demissões, a rotatividade, o assédio moral, as metas abusivas, as condições precárias de saúde, segurança e trabalho, e a terceirização, bancárias e bancários do Itaú de todo o país realizaram nesta quarta-feira (23) um Dia Nacional de Luta. Em Brasília, trabalhadores de 11 agências da Asa Sul cruzaram os braços e exigiram responsabilidade social do banco, que atualmente é o mais rentável do sistema financeiro.

“Diante dos lucros exorbitantes, alcançados graças ao esforço dos bancários, não vamos aceitar que o Itaú continue com as demissões imotivadas e a precarização do trabalho. As instituições financeiras devem ter mais responsabilidade social”, afirmou o presidente do Sindicato e diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), Rodrigo Britto.

Mesmo com lucro recorde de R$ 14,62 bilhões em 2011, o Itaú demitiu 5 mil bancários em todo o país. Em Brasília, mais de 50 bancários já foram demitidos de janeiro a maio deste ano. “Não há justificativa para essas demissões. Muitos desses bancários estão prestes a se aposentar e/ou se recuperando de doenças ocupacionais”, denunciou a secretária de Assuntos com a Comunidade do Sindicato, Louraci Morais, que também é bancária do Itaú.

Além de apoiar as atividades nas agências da W3 Sul e do Setor Comercial Sul, o Sindicato colocou spots nas rádios locais e espalhou outdoors em alguns pontos do DF para informar a população sobre os problemas enfrentados pelos bancários.

Na contramão

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Itaú possuía 104.022 funcionários em março de 2011, diminuiu para 98.258 em dezembro e reduziu para 96.204 em março de 2012. Enquanto isso, outros bancos geraram empregos.

Conforme a Pesquisa do Emprego Bancário, elaborada trimestralmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Dieese, com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, os bancos estão mandando embora funcionários mais antigos com salários maiores e contratam novos pagando bem menos. A remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.430,57 em 2011, enquanto que a dos desligados foi de R$ 4.110,26, uma diferença de 40,87%. No ano anterior, a diferença era de 37,60%.

“As longas filas, as demissões e as altas taxas de serviços e tarifas também prejudicam a população. Como se não bastassem essas benesses, o Itaú ainda retira as portas giratórias das agências, medida que traz insegurança para bancários, clientes e usuários”, frisou o diretor do Sindicato Sandro Oliveira, que também é bancário do Itaú.

“Os vigilantes também estiveram conosco durante a atividade mostrando a força e unidade cutista entre as categorias, uma vez que a reivindicação por mais segurança nas agências é importante para todos”, destacou o diretor do Sindicato Roberto Alves, também bancário do Itaú.

Apoio aos bancários

O empresário Ciro Ney apoiou a paralisação dos bancários e mostrou o extrato bancário repleto de tarifas adicionais. “Eu acho que a paralisação deveria ser por mais de um dia. O atendimento não está bom e ainda pagamos muitas taxas e juros”, reclamou.

Mobilização

Mobilizados, os bancários exigem que o Itaú atenda as reinvindicações da categoria na próxima negociação. “Além de mais contratações, os funcionários devem ser valorizados. Por isso, cobramos uma Participação Complementar nos Resultados justa e o cumprimento da jornada de trabalho de 6 horas”, destacou o diretor do Sindicato Washington Henrique, que também é membro da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú.

“Se o Itaú não contratar mais bancários e valorizar seu corpo funcional, os trabalhadores, com o apoio do Sindicato, intensificarão as atividades em todas as agências”, avisou o secretário de Administração do Sindicato, Edmilson Lacerda, que também é bancário do Itaú.

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