Abertura teve presença do bancário e ex-preso político Gilney Amorim Viana
A ditadura no Brasil e suas faces de perseguição, tortura, resistência e luta foram lembradas durante a abertura da exposição “A ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985 – A verdade da repressão. A memória da resistência”, nesta segunda-feira (8), na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília. A exposição, que contou com a presença do bancário e ex-preso político Gilney Amorim Viana, ficará em cartaz até o dia 13.
Gilney lutou ativamente contra a ditadura e contou um pouco de sua história pelo restabelecimento da democracia no país. Bancário de Minas Gerais, era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o chamado Partidão, e, posteriormente, da Ação Libertadora Nacional (ALN) quando foi preso no início da década de 70, permanecendo encarcerado por quase 10 anos.
Foi um dos 21 anistiados políticos no dia 27 de fevereiro de 1985. Atualmente é coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
“Não queremos ficar chorando pelo que aconteceu e, sim, nos lembrar da nossa história para aprender com ela e mudar o que é necessário. Devemos fazer recomendações para que uma época como a ditadura não volte a ocorrer. Nós que vivemos a amargura da ditadura não somos vítimas e nem heróis, somos lutadores”, destaca Gilney Amorim Viana.
A mostra está sendo organizada pelo Sindicato em conjunto com as atividades da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República programadas para ocorrer no Congresso Nacional esta semana, quando a Comissão Nacional da Verdade fará a entrega à presidenta Dilma Rousseff do relatório final dos trabalhos do colegiado.
Trabalhadores foram as maiores vítimas
Várias fotos da exposição mostram passeatas e atos da sociedade civil organizada contra a censura imposta no campo da cultura, da política e da imprensa pelos militares. Mas Gilney Viana, que figura em algumas das fotos, ressaltou que foram os trabalhadores as maiores vítimas da ditadura.
“Os trabalhadores foram os mais prejudicados e marginalizados. Durante a ditadura os sindicalistas eram torturados e tratados como criminosos e os trabalhadores não tinham voz”, frisa Gilney.
O secretário de Imprensa do Sindicato, Garcia Rocha, conduziu a abertura da exposição e destacou o papel fundamental dos militantes para construção da democracia e retomada dos sindicatos. “Os sindicatos sofreram intervenção durante a ditadura, inclusive o de Brasília, os trabalhadores ficaram sem representação durante um longo período devido à repressão. Devemos lembrar da luta que foi travada contra essa situação para que a democracia voltasse ao nosso país”, afirma.
Importância do conhecimento da história
Os estudantes do Ensino Médio Gabriel Cabral e Amanda Saragoça prestigiaram a exposição. Eles moram em Campo Grande (MS) e fizeram questão de saber mais sobre a história da ditadura durante as férias na capital federal.
“Acho importante saber mais sobre assunto para continuar com nosso processo de democracia livre. Esses fatos não podem ser esquecidos para que situações de tortura e limitação dos direitos do cidadão não voltem a ocorrer”, comenta Gabriel.
O estudante conta ainda que a história da ditadura é abordada no conteúdo do Ensino Médio, mas de forma superficial. “Acho que estudamos pouco sobre esse período da história. Com o que vemos na exposição podemos sentir e entender mais o que foi verdadeiramente a ditadura”, completa.
“Especialmente os jovens precisam se conscientizar sobre a importância da democracia, e como foi construído com muita luta o processo democrático que vivemos hoje de maneira aberta. O povo precisa conhecer sua história, se reconhecer nela e buscar maneiras de evoluir sempre”, acrescenta Garcia Rocha.