Bancários da Grécia entram em greve e protestam contra morte de três colegas

Os bancários da Grécia entraram em greve nesta quinta-feira, dia 6, e realizaram uma manifestação em Atenas para protestar contra a morte de três funcionários de uma agência incendiada por coquetéis molotov na quarta-feira, dia 5. Um grande número de flores foi depositado diante do banco, onde morreram duas mulheres (uma grávida) e um homem.

A tragédia ocorreu durante confronto entre policiais e trabalhadores que fizeram um dia de greve geral contra o pacote de medidas do governo e do FMI para tentar resolver a grave crise financeira no país.

Recado

A greve geral e os protestos dos trabalhadores estão repercutindo. Segundo o correspondente da BBC em Atenas, Malcolm Brabant, “os manifestantes conseguiram dar o recado para a comunidade internacional de que a revolta social é um problema sério e que pode ameaçar a confiança no governo grego”.

O primeiro-ministro do país, George Papandreou, disse que “o futuro da Grécia está em jogo”. Par ele, “a economia, a democracia e a coesão social estão sendo testadas”, afirmou ao comentar as mortes.

Na quarta-feira, Papandreou havia dito que o país “chegou à beira do abismo”. Segundo o primeiro-ministro, “é responsabilidade de todos nós não dar um passo para o precipício”.

Parlamento

Nesta quinta-feira, o parlamento aprovou por 172 a 121 votos o plano que abre caminho para a Grécia receber um pacote de ajuda financiado por outros 15 países europeus avaliado em US$ 140 bilhões.

O plano prevê ações altamente impopulares no país, como o congelamento de salários dos funcionários públicos, cortes nos fundos de pensão e o aumento de impostos.

Crise profunda

O ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou, disse nesta quinta-feira que o país está a apenas duas semanas de não conseguir honrar parte de seus compromissos – uma dívida de US$ 12,5 bilhões vence no próximo dia 19 de maio.

“Os cofres do Estado não têm este dinheiro porque hoje o país pega emprestado de outros parceiros europeus e do mercado”, disse o ministro. “A única maneira do país evitar a moratória e uma suspensão dos pagamentos é conseguir dinheiro do FMI e de parceiros europeus.”

Contágio

O Banco Central Europeu (ECB) se reuniria ainda nesta quinta-feira em Lisboa para discutir como impedir a propagação da crise por outros países da região.

Há temores de que Portugal, assim como a Grécia, possa ter dificuldade em pagar suas dívidas e tenha que pedir ajuda financeira de outros países da chamada zona do euro.

“Esta crise não é só sobre a Grécia. É sobre a integridade do euro como um todo”, afirmou Peter Westaway, economista-chefe do setor europeu da Nomura International, em entrevista à BBC.

O objetivo do pacote de ajuda à Grécia é reduzir o orçamento do país em 30 bilhões de euros nos próximos três anos, com a meta de cortar o déficit orçamentário grego para menos de 3% do PIB até 2014. O déficit atual do país é de 13,6% do PIB.

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