Bancários da Caixa protestam com poesia contra a reestruturação em Recife

“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo”.

O poema “Intertexto”, de Bertolt Brecht, foi usado como mote no ato realizado na Caixa Graham Bell nesta quarta, dia 7, em Recife. Ele é um chamado à organização dos trabalhadores que estão se sentindo desrespeitados no processo de reestruturação que vem sendo levado à cabo pela empresa. Eles cobram transparência da direção do banco, que insiste em não divulgar as informações completas sobre o processo, aumentando a insegurança dos bancários das áreas afetadas.

O edifício Graham Bell foi escolhido como palco da atividade por congregar setores importantes da Caixa, entre os quais a Superintendência, a Gipes – Gerência de Pessoas, Gidur – Gerência de Desenvolvimento Urbano e o Jurídico. Mas trabalhadores de outros prédios também se deslocaram até lá para participar do ato, sobretudo os da Gifus – Gerência de Fundos Sociais, que são os principais atingidos pelas mudanças.

“Em alguns locais, os empregados prejudicados foram orientados a arrumarem, eles próprios, um lugar pra onde se transferirem. Uma reestruturação não pode ser feita desta forma, atropelando os trabalhadores e o movimento sindical”, questiona a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello.

Para expressar o sentimento de desrespeito e de humilhação que paira sobre os bancários, oa participantes da atividade portavam narizes de palhaço. O poema de Brecht foi representado por um ator e repetido pelos bancários.

O único incidente ficou por conta do síndico do condomínio que, desacostumado com a democracia, tentou impedir a realização do protesto. Em sua tentativa de barrar a manifestação, acabou demonstrando seu sexismo. Ao indagar quem deveria responder pelo ato e ouvir da presidenta do Sindicato que era ela mesma, retrucou: – E onde está o vice? Recebeu a resposta merecida de Jaqueline Mello: – Por que? Você não está acostumado a ter uma mulher em posição de poder? E, claro, as vaias dos participantes.

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