Por ampla maioria, os bancários e as bancárias da Caixa Econômica Federal no Pará e no Amapá decidiram manter a greve na empresa, por tempo indeterminado. A decisão ocorreu nas assembléias deliberativas realizadas na tarde desta quarta-feira (14), na sede do Sindicato dos Bancários, em Belém, e na Delegacia Sindical dos Bancários, em Macapá, e que avaliaram a proposta apresentada pelo banco na reunião de negociação com o Comando Nacional da categoria, ocorrida na terça-feira, em Brasília.
Os trabalhadores rejeitaram a nova proposta de PLR da Caixa, que previa a distribuição de valores fixos por Grupos de Cargos, definidos “de acordo com a complexidade das atribuições”, variando de R$ 4 mil a R$ 10 mil. Além disso, a proposta também previa a antecipação até o dia 3 de novembro de 2009 de 100% do valor aplicando a regra básica da Fenaban. A segunda parte seria paga em março de 2010.
Porém, itens fundamentais como isonomia e valorização salarial feita no âmbito do Plano de Cargos e Salários (PCS) não foram contemplados. Os empregados presentes na assembléia de hoje consideraram a contratação de três mil novos empregados positiva, mas incapaz de resolver o problema crônico de excesso de trabalho a que está submetido o conjunto dos empregados em todo Brasil.
“A nova proposta apresentada pela Caixa não contempla a demanda de seus empregados em greve. Apenas a mudança no modelo da PLR é insuficiente. Temos muitas demandas que estão na pauta e que devem ser atendidas pela empresa. É necessário que haja valorização do piso e da carreira. Assim, entendemos que uma proposta possível de ser aprovada deve contemplar a isonomia entre os empregados, tíquete alimentação para os que se aposentarem, índice diferenciado na tabela do PCS, e nenhuma perda de direitos”, argumenta Maria Gaia, diretora do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá e empregada da Caixa.
A dirigente sindical também afirma que “é necessário que a Caixa coloque bem claro na mesa a proposta para os dias parados, pois a forma como está colocada gera dúvidas sobre como será a compensação, se haverá anistia ou não”. Sobre a compensação dos dias parados, a Caixa propôs seguir a regra negociada com a Fenaban, com compensação dos dias não trabalhados por motivo de paralisação entre os dias 17 de setembro e 14 de outubro, com prestação de jornada suplementar até o dia 18 de dezembro.
Gerentes tumultuaram
Tanto na assembléia de Belém, como na de Macapá, um pequeno grupo de gerentes da Caixa Econômica compareceu, em um claro movimento patrocinado pela direção do banco, através de vídeo-conferência, para aprovar a proposta da empresa e desmobilizar o movimento grevista. Porém, em ambas as assembléias a grande maioria dos empregados da Caixa manteve a greve.
Inconformados com os resultados, os gerentes tumultuaram as reuniões, em cenas lamentáveis de agressões verbais contra os bancários que decidiram pela manutenção do movimento.