Trabalhadores cobram dos bancos medidas de proteção à vida das pessoas
O Sindicato dos Bancários da Bahia realizou, na terça-feira (5), manifestação no Bradesco Comércio, em Salvador. A atividade marcou na capital baiana o Dia Estadual por Segurança. A intenção foi alertar a população e cobrar dos bancos mais investimentos em segurança.
Presente à manifestação, a diretora do Sindicato, Nole Fraga, foi enfática. “É bom esclarecer que estamos aqui por todos. Tanto bancários como outros trabalhadores que precisam ir às agências”.
A realidade também é de insegurança entre os clientes. “Fico assustado com a situação. Sempre que vou a um banco, tenho medo”, afirma o vendedor Edson Azevedo.
Acompanhada da amiga de longa data, Benícia Sena, 64 anos, a lojista Joselice Sena, 38 anos, afirma que sempre vai junto com a aposentada. “Ela foi vítima de saidinha bancária. Agora, se sente insegura de ir sozinha”, explica.
Números
O presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos, ressalta que o clima de terror tem de acabar. “Os bancos precisam colaborar para coibir os ataques. Neste ano, já são 142 ocorrências na Bahia. É um número alarmante”. Outros dados também assustam. No Brasil, 32 pessoas morreram vítimas de assaltos envolvendo bancos no primeiro semestre.
Bancários na linha de fogo
Diariamente, o bancário corre risco de morte. Muitos são os funcionários que sofrem com sequestros e assaltos. Uma experiência terrível, impossível de esquecer. Para piorar, não têm apoio da empresa na recuperação. Um claro desinteresse à vida.
Os exemplos são diversos e muito fáceis de encontrar. “Sem dúvida é uma experiência que não desejo a ninguém. Minha filha chorava sempre que eu ia para a agência”. A declaração é de uma gerente administrativa do Bradesco.
A história é surpreendente, assim como a postura do banco. A bancária conta que há quatro anos ao chegar em casa encontrou quatro homens armados com a família, inclusive a filha de apenas 6 anos.
A quadrilha ficou horas na residência e, depois de usar muitas drogas, levou o marido e a filha até que o resgate fosse pago. Para rever os familiares, a mulher teve de entregar o dinheiro do banco. Uma semana depois foi sumariamente demitida sem qualquer apoio psicológico.
Para conseguir justiça, a gerente procurou o Sindicato que prestou apoio e garantiu a reintegração da empregada, em tratamento até hoje. Situação semelhante viveu um funcionário do Itaú, assaltado duas vezes em apenas dois meses.
“Tive uma arma apontada para minha cabeça por 10 minutos. A sensação é de impunidade. Nunca mais entrei naquela agência”, desabafa. Assim como o Bradesco, o Itaú não deu apoio ao trabalhador, até hoje refém do medo, mesmo afastado por 10 anos. “Tenho temor em dizer que sou bancário. Prefiro omitir”, conclui.