Os bancários conquistaram na Campanha Nacional de 2012 a realização do 2º Censo da Diversidade, com planejamento em 2013 e execução em 2014. A conquista é fruto das negociações entre o Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, e a Fenaban e da mobilização da categoria por igualdade de oportunidades.
“O novo censo é resultado da ação sindical voltada para o combate de todas as formas de desigualdade e do enfrentamento às barreiras invisíveis que dificultam a contratação e ascensão de mulheres, negros e pessoas com deficiência no sistema financeiro”, afirma a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Andréa Vasconcelos.
A conquista está prevista no parágrafo 3º da cláusula 47ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2012/2013, constando que “à semelhança do Censo da Diversidade realizado no setor bancário durante o ano de 2008, a Fenaban com a Comissão Bipartite de Igualdade de Oportunidades planejará um novo levantamento do perfil dos bancários ao longo do ano de 2013, de forma a efetivá-lo em 2014”.
A secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Deise Recoaro, recorda que o 1º Censo apontou que há discriminação de negros, mulheres e pessoas com deficiência nos bancos. Para ela, “o novo diagnóstico permitirá identificar e mensurar o grau de desigualdade hoje existente no sistema financeiro”.
Lembrando o 1º Censo
Em 2008, os bancos envolvidos no projeto empregavam 408,9 mil dos 435 mil bancários e bancárias no país. Desse total, 204,1 mil (49,9%) responderam às perguntas do 1º Censo, realizado pela Febraban em conjunto com a Contraf-CUT, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e Ministério Público do Trabalho.
A iniciativa contou com a assessoria do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e foi tema de várias audiências públicas na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
O levantamento revelou que a maioria dos empregados nos bancos era do sexo masculino (52%), brancos (77%) e estavam alocados em funções de caixa ou de escriturário (68%). Apenas 19,5% dos trabalhadores do sistema financeiro eram negros ou pardos e ganhavam, em média, 84,1% do salário dos brancos.
As mulheres recebiam 78% dos salários dos homens. A discriminação era ainda maior em relação às mulheres negras: somente 8% delas conseguiam emprego nos bancos, contra 18% da População Economicamente Ativa (PEA).
As pessoas com deficiência não conseguiam preencher, sequer, os 5% da cota exigida por força de lei.
As bancárias que ocupavam o cargo de gerente recebiam R$ 30,00 por hora trabalhada, enquanto os homens no mesmo cargo ganhavam R$ 40,00.
Expectativas
“Ocorreram mudanças profundas no sistema financeiro nos últimos anos e, por isso, o 2º Censo será uma boa oportunidade para conhecer a realidade dos bancários e bancárias e avaliar a situação de discriminação nos bancos”, salienta Andréa.
“Mais do que verificar a situação atual, o 2º Censo possibilitará também comparar os dados com o 1º Censo, avaliar a eficácia ou não das ações afirmativas prometidas pelos bancos e definir novas políticas no rumo da igualdade de oportunidades”, conclui Deise.