A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Mercantil se
reuniu com o Mercantil do Brasil por videoconferência, na tarde desta quinta-feira
(9), para cobrar mais uma vez o banco sobre as mais de 60 demissões de
trabalhadores em plena pandemia. A reunião contou com a participação do
Ministério Público do Trabalho (MPT), que também cobrou esclarecimentos do
Mercantil.
Os trabalhadores argumentaram que os desligamentos patrocinados pelo Mercantil
se caracterizam como demissão em massa. Nesse caso, deve haver negociação
prévia com as entidades representativas dos trabalhadores, tese também aceita
pelo Ministério Público.
Os representantes da categoria também denunciaram a precariedade no atendimento
e a lotação das agências do Mercantil. Outro questionamento foi sobre o aumento
abusivo das pressões para o cumprimento de metas, vindas da área comercial do
Banco, que têm levado apreensão e adoecimento aos bancários.
O movimento sindical exigiu o fim do processo de desligamento de trabalhadores
e a imediata suspensão das demissões já realizadas, com a reintegração de todos
os demitidos.
O Mercantil agiu com arrogância e prepotência ao rechaçar qualquer
possibilidade de reintegrar os desligados, argumentando que as demissões não
atingiram nem 0,5% do seu quadro de pessoal. O Sindicato destacou que a
instituição financeira não leva em conta o sofrimento dos demitidos nem as
dificuldades de recolocação no mercado diante do cenário de pandemia.
Segundo o banco, a reestruturação que levou às demissões foi finalizada. Porém,
o Mercantil também afirmou que, devido às condições de mercado, pretende
encerrar atividades de agências localizadas em praças pouco lucrativas, o que
poderá levar a demissões pontuais.
Além disso, o banco voltou a insistir na adoção de medidas previstas na MP 936.
O movimento sindical reforçou sua defesa dos interesses dos trabalhadores do
Mercantil, principalmente dos mais de 150 funcionários do grupo de risco que se
encontram afastados e sem home office, e se colocou à disposição para negociar
uma pauta que seja ideal para esses trabalhadores.
Diante do impasse nas negociações, o MPT sugeriu o agendamento de uma nova
reunião, com data indicativa de 15 de julho, às 10h, com novas tratativas,
propostas e contraproposta das partes.
Para Marco Aurélio Alves, coordenador nacional da COE Mercantil, as falas e o
posicionamento dos representantes do banco mostram falta de humanidade diante
do atual momento, um dos mais terríveis enfrentados pela sociedade. “O Mercantil
escolhe o pior momento para demitir. Os lucros do banco são os mais altos e
gordos de sua história e, na contramão dessa situação, os funcionários que
restaram nas agências e os clientes sofrem com o déficit no atendimento e filas
intermináveis devido à política de desligamentos”, denunciou.
A presidenta da Fetrafi-MG/CUT, Magaly Fagundes, apontou que a truculência e a
arrogância do Mercantil não têm limites. “Falta transparência e palavra ao
Mercantil. Os bancos tinham acordo de não demissão durante a pandemia e o
Mercantil não honrou esse compromisso. O movimento sindical exige o fim das
demissões e a imediata suspensão e reintegração dos trabalhadores demitidos”,
destacou.
Dia Nacional de Luta
A reunião aconteceu um dia após bancários de todo o país realizarem, na quarta-feira (8), um Dia Nacional de Luta cobrando humanidade e seriedade do Mercantil do Brasil. Foram realizadas ações de mobilização nas redes sociais para denunciar a postura do banco. Trabalhadoras e trabalhadores publicaram e compartilharam publicações com várias imagens e hashtags: #MercantilSemCompromissoComVocê #MercantilSemCompromissoComOBrasil #MercantilSemCompromissoComOEmprego #MercantilSemCompromissoComOTrabalhador #MercantilSemCompromissoComAVida #MercantilSemCompromissoComOCliente #MercantilSemCompromissoComAPopulação
Já durante a noite, frases de protesto foram projetadas em fachadas de edifícios espalhados por diferentes regiões de Belo Horizonte, capital em que está localizada a sede do Mercantil do Brasil. O objetivo foi chamar a atenção da população para os problemas enfrentados pelos bancários durante a pandemia.
Foram projetadas mensagens como “Mercantil do Brasil sem Compromisso com o Trabalhador” e “Mercantil do Brasil sem compromisso com o Brasil”. Além da mobilização nas redes sociais, projeções em prédios de BH também cobraram seriedade do Mercantil do Brasil após o banco demitir durante a pandemia.