O diretor da Contraf/CUT Paulo Stekel, durante a entrega da minuta do Santander
O processo de fusão entre os bancos Santander e Real foi colocado em pauta nesta quinta, em São Paulo, no Dia Nacional de Luta dos dois bancos. As atividades aconteceram no Centro Administrativo Operacional (CAO), Majolão e na Av. Paulista, pelo Real, e nas unidades do Santander dos Casas 1, 2, 3 e 4. Aconteceu também a entrega da minuta específica de reivindicações do Santander.
As atividades permitiram aos dirigentes sindicais dialogar com os bancários e a população sobre as conseqüências da fusão. Os principais problemas evidenciados pelos trabalhadores foram à falta de transparência, as incertezas e o medo que toma a todos em um processo como este. “Cobramos uma postura do Fábio Barbosa (presidente do Santander-Real). Ele também é um sindicalista como nós, a diferença é que defendemos interesses opostos, mas ele tem consciência do que significa este processo de fusão aos trabalhadores”, defende Deise Aparecida Recoaro, secretária de formação da Contraf/CUT e funcionária do Real.
As principais reivindicações dizem respeito a uma discussão com mais seriedade ao acesso das informações sobre a fusão e três anos de estabilidade aos bancários durante o processo. Neste período serão viabilizadas alternativas que não acarretem prejuízo aos bancos, garante Deise Recoaro. “Na fusão, o foco está no negócio, com isto, o banco salta para o terceiro lugar entre os maiores do país, e como destaque, deve valorizar também o bancário”, complementa.
Para garantir que não haja prejuízos aos trabalhadores serão utilizados modelos baseados como o próprio Santander fez na aquisição do banco espanhol Central Hispano. “O Brasil é o grande responsável pelos lucros destes bancos, e como tal, merecemos um mesmo tratamento”, diz Paulo Stekel, diretor da Contraf/CUT e funcionário do Santander.
Acordo Aditivo
Na parte da tarde, aconteceu a entrega da minuta de reivindicações específicas do Santander. Os trabalhadores reivindicam a renovação integral do acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e sua extensão aos trabalhadores do Real. “O Santander é o único banco privado que assina um acordo aditivo, que tem cláusulas importantes para os bancários. A extensão para todo sos trabalhadores é muito importante, resguardadas as especificidades dos dois bancos”, avalia Paulo Stekel.
Os bancários reivindicam ainda a inclusão de algumas novas cláusulas, como mudanças na abrangência da PLR, na licença-amamentação, no Programa de Participação nos resultados (PPR) e isonomia salarial para resolver as distorções encontradas entre funcionários que desempenham a mesma função. Também são cobradas mudanças no auxílio-educação, com ampliação de mil para 1,5 mil bolsas, retirada do critério de tempo mínimo de banco para pleitear a bolsa e aumento do teto de R$ 300 para R$ 350.
Princípios de RH
As reivindicações dos trabalhadores são pautadas em um documento elaborado pelo consórcio dos bancos e o movimento sindical internacional, chamado HRPrincipals (Princípios de RH, em tradução livre). Este documento foi criado em razão do processo de fusão para facilitar o diálogo com o movimento sindical no que se refere à questão dos trabalhadores.
Segundo o movimento sindical internacional, são princípios inegociáveis. “Queremos nos apropriar deste documento, aqui pouco ouvimos dele. Já cobramos a Union Network International (UNI). O Fábio Barbosa diz que tem predisposição para conversar, mas ainda não houve nenhuma declaração formal sobre o assunto”, finaliza Deise.