O bancário Osmar Ferreira vai retomar suas atividades depois de 59 anos. Em 1964, aos 21 anos, ele foi preso acusado de subversão e demitido sumariamente do Banco da Bahia – incorporado ao Bradesco em 1973 -, onde trabalhava na agência de Feira de Santana. Antes de se tornar bancário, ainda como estudante, Osmar Ferreira participou de movimentos estudantis.
No entanto, o então bancário possuía estabilidade sindical, pois, em 1963, foi eleito suplente do presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Feira de Santana, e não poderia ter sido demitido. “Os bancos fecharam por algum tempo após o golpe militar. Quando voltei a trabalhar, no começo de abril, um sargento do Exército foi à agência onde eu trabalhava. Fui chamado na sala da gerência e lá fui preso. Fiquei 12 dias detido e sofri muitas torturas físicas, mas principalmente psicológicas”, contou.
Só em 1983, após a queda da ditadura militar e o início da redemocratização do Brasil, ele pôde entrar na Justiça com o pedido de anistia política. Porém, somente em 2011 a anistia aconteceu, o que possibilitou, por meio do sindicato, entrar com uma ação trabalhista exigindo uma reparação pela demissão.
No final de abril, a espera acabou com o início do processo de readmissão por parte do Bradesco. “Osmar vai voltar exercer as suas atividades. Essa readmissão é de um simbolismo gigantesco. É uma vitória para o nosso sindicato e uma grande história de luta. Um sindicalista que foi torturado pelo regime militar e passou estes anos em busca da sua reintegração. É um sinal claro de que a democracia e a paz vencem sempre, e que não toleraremos mais nenhuma espécie de golpe. Nós do Sindicato também estamos trabalhando cada vez mais na garantia dos direitos da categoria, estamos fortes na luta”, disse o presidente do sindicato, Eritan Machado.
Após a reintegração, Osmar parabenizou o Sindicato pelo apoio. “Agradeço a vocês que lutaram junto comigo, muito obrigado a todos!’’.
Aos 80 anos, Osmar Ferreira volta às suas atividades depois da aprovação nos exames médicos. “É uma vitória da democracia, é uma reparação histórica, que mostra a força da justiça e do movimento sindical”, afirma Magaly Fagundes, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco.
A reintegração de trabalhadores é uma das muitas funções do movimento sindical. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2022, 1.260 bancários foram reintegrados.
Fonte: Com informações do Seeb Feira de Santana