Um ano após ser demitido sem justa causa e brigar na Justiça pelo retorno ao emprego, o bancário Cleber José do Rego foi reintegrado ao HSBC na terça-feira, dia 10. Após 27 anos de banco e de voltar de uma licença-saúde, o funcionário ainda trabalhou seis meses em um ambiente de pressão e insegurança até o dia da demissão.
No dia 1º de dezembro de 2010, Cleber voltou da licença saúde e, com exames de retorno em mãos, voltou a trabalhar normalmente. “Mas, notei algo diferente, não era a mesma coisa. Por mais que você seja um profissional qualificado e competente, você não se sente mais tão seguro. Você sente uma pressão fazendo com que você erre e não tenha nenhuma segurança no trabalho”, relata Cleber.
No retorno, ele recebeu duas férias consecutivas e no dia 30 de junho de 2011 foi demitido, mesmo em pleno tratamento de hérnia desde março do mesmo ano. Cleber acredita que o tratamento motivou a demissão. “Quando o banco percebe que o funcionário está com alguma doença que afete o trabalho, existe uma represália. É tanto que muitos funcionários não alegam ter determinados sintomas exatamente por isso. Dor no punho, dor no ombro, esse tipo de sintomas no exame periódico, é um alerta para o banco em relação a um futuro problema”, afirma.
Por não concordar com a demissão, Cleber entrou na Justiça e após um ano ganhou a causa, sendo reintegrado ao banco no último dia 10. “Bancos e instituições financeiras rechaçam os funcionários. A imposição é de metas, de cobranças, que bancários todos sofrem, sem nenhuma exceção. Os bancos, infelizmente, tratam as pessoas como números. Ter uma decisão dessas, conseguir reintegrar um empregado que teve problemas pessoais, físicos e emocionais por causa do banco é uma vitória muito grande”, afirma Helen Luiza Korobinski Mendes, advogada que acompanhou o caso.
Para a advogada, a decisão é uma forma de passar segurança para os outros bancários. “Todos que estão aqui no banco e viram isso acontecer têm essa chance de um dia tentar voltar também se for humilhado, rechaçado ou posto pra fora sem justa causa. É um exemplo para quem está trabalhando e não só pra quem já saiu”. Cleber acredita que passar segurança para os colegas será agora sua função também. “Essa vitória não é só minha. Meu caso representa toda a categoria bancária”, conclui.