Uma quadrilha composta por sete homens assaltou, na tarde de ontem 6, o Banco do Brasil do município de Reriutaba, a 309 quilômetros de Fortaleza, na Região Norte do Estado. Um empresário, o filho dele, uma funcionária da agência e dois vigilantes foram feitos reféns.
O Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb Ceará) está na cidade desde que tomou conhecimento do ocorrido para acompanhar os bancários e exigir a emissão da CAT e fiscalizar as condições de segurança da agência.
“A agência do BB fica fechada até ter condições de segurança para retomar atendimento. É um absurdo os riscos à vida que cotidianamente os funcionários sofrem por falta de segurança pública e bancária”, afirma Bosco Mota, diretor do Seeb Ceará.
A funcionária baleada foi identificada como Ana Lúcia de Almeida Pontes. A hipótese é de que a vítima tenha ficado ferida no momento em que a quadrilha saía do banco e trocou tiros com policiais militares. Os ladrões fugiram em Cross Fox preto, que, mais tarde, foi abandonado pelos bandidos.
Na fuga, os bandidos liberaram os vigilantes e fugiram com os outros reféns em dois carros. Depois, Pai e filho foram liberados ilesos. A bancária foi liberada na localidade de Carnaúba, porém, levou um tiro na cabeça. O quadro clínico dela é “muito grave”, segundo informações da Santa Casa de Sobral, para onde ela foi levada.
Seis viaturas policiais foram mobilizadas para a ocorrência. A operação envolveu efetivos do Cotam, Gtam, Polícia Civil e até do Ciopaer de Fortaleza. PMs do Piauí também participaram dos trabalhos, por haver a suspeita de o grupo ter envolvimento com outros assaltos a bancos do interior do Ceará e do estado vizinho. Por aqui, essa foi a 10ª ocorrência do tipo desde janeiro.
Logo quando os militares chegaram à agência, houve troca de tiros com dois homens que, do lado de fora, davam guarida ao restante da quadrilha. Eles estavam fortemente armados e a bordo de um Cross Fox. Do lado de dentro, os cinco não conseguiram chegar ao cofre. Levaram tudo o que havia nos caixas eletrônicos e balcões. A Polícia ainda não sabe quantificar o total recolhido.
Segundo o comandante de policiamento do Interior, coronel Milton Freire de Andrade, o bando tomou o carro de um dos funcionários – um Fiat – para sequestrar os reféns. Os dois veículos foram abandonados numa estrada da zona rural de Reriutaba.
Os homens seguiram a pé num matagal e, mesmo após cerca de sete horas de perseguição, não foram capturados. “O mato é muito fechado. Amanhã (hoje) retomamos tudo”, disse Andrade.
O coronel rechaçou as especulações de que o tiro que atingiu a mulher na cabeça tenha sido disparado por um PM. “Quando eles a encontraram, ela já estava lesionada. Supomos até que tenha sido de forma acidental, mas não descartamos que tenham feito isso só para retardar os trabalhos da Polícia”.
Medo
Em Reriutaba, o clima entre os moradores é de medo e insegurança. Durante todo o dia, a cidade ficou apreensiva com a possibilidade de a quadrilha voltar. “Moro aqui desde criança e nunca tinha visto uma coisa dessas”, disse a comerciante Iraneide Mesquita. Ela é dona de uma farmácia em frente ao banco. O estabelecimento teve as duas portas de vidro destruídas durante o tiroteio.
A tensão era tanta que muita gente sequer teve coragem de sair de casa. “Tinha muita viatura aqui. E a gente via que os tiros eram de arma pesada”, emendou a aposentada Maria Alves, 62.
Segundo o advogado Carlos Eduardo Paz, a ação do grupo de sair da agência do BB com três pessoas pode ser enquadrada no artigo 159 do Código Penal Brasileiro, que prevê o crime de sequestro.
Além da agência do BB de Reriutaba, outros nove municípios cearenses
sofreram com a ação de quadrilhas só neste ano. Ocorreram nas cidades de Piquet Carneiro, Banabuiú, Pedra Branca, Senador Pompeu, Orós, Saboeiro, Novas Russas, Palhano e Monsenhor Tabosa.
A professora Ana Kelly Timbó, 33, acompanhou parte da movimentação de casa. Ela mora próximo ao banco e disse ao O POVO que a concentração de curiosos em frente à agência foi intensa durante todo o dia. A mãe dela foi quem atendeu à funcionária baleada. “Ela estava de plantão no hospital daqui. Todo mundo está preocupado, porque nunca aconteceu troca de tiro aqui”, disse, por telefone.