(São Paulo) O que poderia ser perfeitamente uma cena de cinema foi caso de terror para os bancários da agência centro do ABN Real de Taubaté, no último dia 06 de setembro. Na véspera do feriado nacional, o vigia da unidade Roberto José de Oliveira Ramos, de 28 anos, tomou como refém por mais de 10 horas pelo menos 60 pessoas, entre clientes e funcionários.
Armado com três revólveres, Ramos reivindicava um contato telefônico com a ex-noiva Diana Costa, com quem teria rompido em 99 e que atualmente mora em Penedo (RJ). Segundo o comando da Polícia Civil, a atitude do segurança, que começou a trabalhar no banco na última segunda-feira, seria fruto de um surto psicótico.
De acordo com o jornal local, Vale Paraibano, o vigilante chegou à agência do ABN Real para trabalhar às 13h. “Ao entrar na agência, rendeu os dois colegas da segurança, apoderando-se de seus revólveres. Muito nervoso, ele começou a discutir com os reféns e disparou três tiros para o alto. Mantendo os funcionários e clientes sob a mira das armas, o vigia se dirigiu ao segundo andar, onde ficam os caixas. No andar superior, chegou a disparar 10 tiros para o alto e em direção a janelas e paredes, causando pânico e correria. Em desespero, algumas pessoas pularam de uma altura de quatro metros. Na queda, um cliente sofreu fratura exposta na perna e dois torceram o tornozelo”.
A publicação informa que, segundo relato de reféns e policiais, durante toda a ação Ramos alternou momentos de alegria, com risadas, e momentos de depressão, com choro e ameaças de suicídio.
O Vale Paraibano relata que os reféns só começaram a ser liberados por volta das 15h, enquanto que às 18h20 teria ocorrido um dos momentos mais tensos, quando Ramos apareceu na janela com uma mulher sob a mira do revólver e fazendo gestos de que queria conversar com os policiais por celular.
O terror se prorrogou por toda a noite com rendição somente às 23h26, após Ramos ter conversado por mais de uma hora por telefone com a ex-noiva, que fora localizada às 22h em Penedo pelo serviço de inteligência da polícia. "O vigilante está passando por problemas emocionais e entrou em crise por causa de um surto psicótico. É um perigo, porque em casos como esse a pessoa não mede as conseqüências de seus atos", afirmou o delegado seccional de Taubaté, Roberto Martins.
Felizmente, não houve vítimas fatais e Ramos, após receber atendimento médico, seguiu para depoimento e prisão, para posterior indiciamento pelos crimes de cárcere privado, agressão e disparo de arma de fogo.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Taubaté e Região, Luis Antonio da Silva, o Luizão, embora o caso seja inusitado, não pode ser considerado um fato isolado. “É mais um reflexo da falta de investimentos em segurança no setor. Na corrida por lucros, os bancos reduzem custos e contratam empresas totalmente despreparadas, pagando baixos salários e direitos escassos, expondo clientes e funcionários a situações como essas. Para se ter idéia, neste caso do ABN Real, o vigilante já faz tratamento para depressão, além de contar com passagens pela polícia por resistência à prisão”, relata Luizão.
Reunião na FETEC SP
Nesta quinta-feira, 14/09, a partir das 14h, a FETEC/CUT-SP se reúne em sua sede com representantes dos sindicatos filiados para tratar de segurança bancária. Na pauta, preparação da mesa temática Fenaban, indicação do representante da entidade na Comissão Nacional de Segurança Privada e debates sobre vigilantes no auto-atendimento, chave de cofre em poder do bancário e transporte de numerários. Presenças e ausências devem ser informadas por e-mail [email protected] até 12/09.
Fonte: Lucimar Cruz Beraldo – Fetec SP