(São Paulo) Dezenas de bancários e clientes do Banco do Brasil estão enviando mensagens para a Contraf-CUT com apoio ao fim da campanha publicitária chamada “Banco do João”, que substitui o nome do BB na fachada de 300 agências e na página da empresa na internet por nomes de correntistas. Na última quinta-feira, dia 4, a Contraf-CUT se reuniu com o presidente interino do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, e pediu a suspensão imediata da propaganda.
Em e-mail enviado para a Contraf a bancária Suely questiona “se juridicamente é permitido alterar o nome de uma instituição sem o devido registro. No caso do Banco do Brasil que tem sua criação por Lei, isto é mais questionável ainda. Realmente achei a campanha de péssimo gosto. O nome Banco do Brasil é o forte da nossa Instituição Financeira. De muito mais bom gosto seria a propaganda: ‘Banco do Brasil o Banco do povo. O Banco que atende a Renata, o Pedro, o Beto, o Antônio…”.
Sua colega Valéria também lamenta a propaganda: “concordo com as críticas a essa ‘ousada’ campanha publicitária lançada pelo BB com a mudança do nome nas fachadas das agências. Como não trabalhei na última semana do ano e, consequentemente, não li a mensagem de divulgação enviada aos funcionários no último dia 29, confesso que fiquei chocada quando passei na minha agência de relacionamento onde trabalhei por cinco anos e vi a placa Banco do Pedro. Precisei voltar pra me certificar que não estava imaginando coisa. O banco sempre foi DO BRASIL e esta campanha está descaracterizando sua imagem. Até agora, não vi uma única pessoa, seja cliente, seja funcionário, que tenha aprovado essa campanha. Isso sem falar no custo ainda não divulgado”.
O sindicalista Almir Costa de Aguiar chegou a enviar uma carta para a direção do banco. Ele diz que “por se tratar de um governo de base popular, é inaceitável esta publicidade de mau gosto, que expressa inclusive um espírito privatista ao colocar nomes pessoais e comuns no lugar do ‘Brasil’. Ou seja, a campanha passa uma idéia de que o banco não é mais da nação brasileira, mas sim um banco de fulano ou de beltrano em particular. Essa pessoalidade e particularidade transmitidas pela narrativa publicitária possui um sentido que nos remete a lógica da propriedade privada. Não dá para digerir”. Almir Aguiar ainda lembra na carta o processo de desmonte do patrimônio público, inclusive dos bancos, no governo FHC para “realizar o sonho dos especuladores e banqueiros de privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Foi extremamente doloroso para o país e jamais será esquecido, principalmente pelo funcionalismo, que sofreu na pele o projeto neoliberal”.
A bancária Nara diz que é “lamentável essa decisão do BB em descaracterizar a sua marca com essa pseudo-estratégia de marketing. Chamo de ‘pseudo’ porque sabemos que tal estratégia, ao invés de fortalecer, enfraquece a marca e fragiliza a imagem do BB”.
Ana Maria, pensionista do BB, diz que quando viu na TV a propaganda, achou “muita falta de consideração para com os funcionários”. E destacou: “Contem comigo para a campanha que fizerem!”.
Fonte: Contraf-CUT