(São Paulo) Um dia antes da retomada das negociações permanentes, os bancários do Itaú lançaram nesta quarta-feira, dia 22, uma campanha para pressionar o banco a atender as reivindicações dos trabalhadores. Durante todo o dia, os funcionários do Itaú realizaram protestos e paralisações em todo o Brasil para marcar o lançamento da campanha, que tem como principais bandeiras o PCR maior, 14º salário e mais qualidade de vida para os bancários.
“Nesta quinta-feira (dia 23) a Contraf-CUT e o Itaú realizam, às 14h, a primeira rodada de negociações específicas após a Campanha Nacional deste ano. Temos uma extensa pauta de reivindicações, com assuntos que são de fundamental importância para quem trabalha no Itaú. Com o lucro que o banco registrou, há espaço para avançarmos. Os protestos desta quarta serviram para mostrar à empresa que seus empregados estão dispostos a lutar por sua pauta”, explica Carlos Cordeiro, secretário-geral da Contraf-CUT e bancário do Itaú.
Entre as principais reivindicações dos trabalhadores do banco estão a Participação Complementar nos Resultados (PCR), o Programa AGIR, o Plano de Saúde, Plano de Previdência Complementar, auxílio-educação, enquadramento sindical, realinhamento salarial, mais contratações e 14º salário.
Protestos em todo o Brasil
De norte a sul do país, os bancários do Itaú realizaram várias atividades para marcar o lançamento da campanha por um PCR maior, 14º salário e mais qualidade de vida. Em Teresina, no Piauí, o atendimento na agência Centro foi retardado em uma hora. Dirigentes sindicais se concentraram em frente ao banco onde foram distribuídos panfletos contendo esclarecimentos ao público, bancários e clientes. O bancário Raimundo Nonato de Sousa (Neide) falou que na agência Centro há carência de novos funcionários para proporcionar um melhor atendimento aos clientes, já que apenas quatro caixas trabalham enquanto seriam necessários pelo menos oito. Não faltaram protestos em Piauí contra a decisão do Itaú de reajustar o Plano de Saúde dos funcionários.
No Paraná, os bancários de Londrina lançaram a campanha em frente à principal agência do Itaú, no centro da cidade. A manifestação contou com uma “árvore de natal”, enfeitada com todas as pendências que o Itaú tem para resolver com os funcionários. “É um bom momento para o Itaú reconhecer a dedicação dos seus empregados, negociando de fato uma Participação Complementar melhor do que a que foi imposta, além de atender as outras reivindicações apresentadas”, ressaltou Wanderley Crivellari, secretário-geral do Sindicato e Coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú.
Os bancários de Umuarama e Assis Chateaubriand também realizaram manifestação em frente às agências do Itaú. Segundo Edilson José Gabriel, diretor do Sindicato e funcionário do banco, “o PCR vinha sendo negociado com os sindicatos quando, durante o mês de agosto, o Itaú rompeu unilateralmente as negociações e implantou o programa com valores inferiores aos que vinham sendo negociados. Além de questões de ordem econômica, estamos exigindo melhores condições de trabalho para os mais de 50 mil funcionários do conglomerado Itaú em todo o Brasil”.
Em Minas Gerais, para ironizar a forma com que o Itaú trata os funcionários e clientes, os bancários de Belo Horizonte realizaram uma manifestação irreverente com a distribuição de centenas de cachorros-quentes à população. Ao som da música “Eu não sou cachorro, não”, apresentações teatrais e uma carta alertavam à população sobre o desrespeito do banco com funcionários, clientes e usuários das agências. A manifestação contou com amplo apoio dos clientes, que estão indignados com as tarifas absurdas cobradas pelo banco. “Recebi uma carta informando que agora, para fazer retiradas em caixas do Itaú fora das agências, eu terei que pagar R$ 1,20. Isso é revoltante. Vou pagar toda vez que retirar o meu dinheiro em um caixa do próprio banco”, afirmou uma cliente que não quis ser identificada. O Itaú arrecada com tarifas quase duas vezes a folha de pagamento dos funcionários. Para Ted Silvino, funcionário do Itaú e diretor do Sindicato, o Dia de Luta mostrou a insatisfação de funcionários com a ganância do Itaú. “Os empregados não querem só migalhas de PCR. Queremos uma participação de resultados que faça jus ao nosso esforço e também mais contratações para evitar a sobrecarga de trabalho que está adoecendo os bancários”.
O Sindicato de Juiz de Fora também realizou manifestações. A diretoria distribuiu nesta manhã o jornal Itaunido nas agências da cidade, com informações sobre PCR, 14° salário, distribuição de ações do Banco e mais qualidade de vida aos funcionários.
Em Mato Grosso, os dirigentes do Sindicato realizaram uma manifestação em frente à agência Centro do Itaú, em Cuiabá. “Muitos gestores do banco assediam moralmente os funcionários, que se sentem humilhados e desestimulados”, afirmou o bancário do Itaú e diretor do Seeb, Natércio Brito. Além do fim do assédio moral, os empregados cobram melhorias na Participação Complementar nos Resultados (PCR) e afirmam que é arbitrária e unilateral a decisão do banco de interromper as negociações. “Isso é um absurdo, pois não dá para admitir a falta de discussão entre as partes interessadas. Por isso é preciso haver muita mobilização”, explica o presidente do Sindicato dos Bancários, Eduardo Alencar.
Discriminação no Itaú
No mesmo dia em que os bancários saíram às ruas para exigir respeito do Itaú, o banco é acusado de discriminar os trabalhadores. No próximo sábado, dia 25, o Itaú homenageia os funcionários com 30 anos de casa com uma festa, presentes e ações do banco. Mas os dirigentes sindicais que trabalharam mais de três décadas no Itaú não foram convidados. Nem quem tem processo contra a empresa.
O diretor do Sindicato de Catanduva, Carlos Roberto Marchesini, é um deles. “Sabemos que essa homenagem é um ato da empresa, mais excluir funcionário que é dirigente sindical ou que tenha acionado o banco na justiça configura sim uma discriminação”, observa Paulo Franco, diretor do Sindicato e funcionário do Itaú.
O Sindicato entrou em contato com a direção do banco, onde o mesmo alegou que este é um evento de Olavo Setúbal e que ele não convida quem entra com ação contra o banco, pois acha que o funcionário não é “amigo” do Itaú.
Fonte: Contraf-CUT, com sindicatos