Banc rios do ABN querem melhorias no PPR

(São Paulo) Os Sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais se reuniram nesta quinta-feira com a direção do ABN/Real para conhecer o Plano de Participação nos Resultados (PPR) para o este ano. Como o banco não incorporou as reivindicações dos trabalhadores, os representantes dos bancários não assinaram o acordo hoje.

 

Instituído há cinco anos, o PPR abrange todos os bancários do país. Mas desde que foi implantado, os representantes dos trabalhadores vem conseguido melhorá-lo ano a ano. Entre as melhorias estão o aumento no valor pago aos bancários, maior número de beneficiados e ampliação da representação sindical de um para quatro na Comissão que discute o Plano.

 

O PPR goza de isenções de encargos sociais, que variam entre 37% e 40% do montante distribuído. Em 2005 foram pagos R$ 240 milhões, segundo dados do próprio banco. O Plano ainda é compensado no valor pago pela PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

 

“Neste ano de 2006, nós queremos dar um salto de qualidade. Principalmente com a eleição direta dos representantes dos funcionários na Comissão ou através do Acordo Coletivo de Trabalho. Além disso, é necessário que o ABN/Real estenda o benefício aos lesionados que estão afastados”, afirmou Gutemberg Oliveira, representante da Fetec São Paulo.

 

Com vigência de dois anos, conforme a lei, o PPR precisa ser reconhecido ainda pelo Ministério do Trabalho, para não correr o risco de ser contestado. Para Marcelo Gonçalves, do Sindicato de São Paulo, o PPR precisa de vários ajustes, principalmente na distribuição do lucro de maneira eqüitativa e justa. “Por isso estamos reivindicado a distribuição de 5% do lucro líquido de forma linear para todos, além do que é garantido atualmente pelo PPR. Isso valorizaria os menores salários”, disse.

 

O dirigente diz que a Comissão de Organização dos Empregados (COE) constatou que, em 2005, 65% dos funcionários (22 mil) ficaram com R$ 90 milhões. Enquanto 25% (6 mil) receberam R$ 130 milhões. “Isto quer dizer que 60% do PPR pago fica nas mãos de 25% dos empregados, que detém os maiores salários. Estes números provam a necessidade de distribuir a Participação nos Resultados de forma mais justa”, conclui.

 

O valor mínimo do PPR hoje é o piso da PLR da Convenção Coletiva, que por sua vez tem como fundamento a distribuição do lucro sem a contrapartida do cumprimento das metas. Além disso, todos recebem a PLR, sem exceção, o que não ocorre com o PPR.

 

O banco alega que essas distorções ocorrem por uma “diferença de leitura”, pois o ABN utiliza o PPR como ferramenta de retenção de talentos. “Para nós, o banco teria outras formas de reter talento sem precisar usar o PPR, que deveria ser justo, transparente e democrático. Hoje, o ABN valoriza os maiores salários e prejudica quem ganha menos”, ressalta Gutemberg.

 

“É como a seleção brasileira. Só talento, sem equipe, não ganha jogo. O ABN precisa ter esta consciência e começar a valorizar a equipe”, completa Marcelo.

 

Para os representantes dos bancários, são tantos os ajustes necessários e são tantas reivindicações feitas no ano passado pelos trabalhadores que não foram atendidas, que a Comissão decidiu não assinar o acordo neste momento.

 

“Só hoje (quinta) soubemos dos valores que seriam pagos e os objetivos do banco para ampliar o lucro, projetado para crescer em 10%. Enquanto isso, o ABN só projetou uma ampliação de 5% no PPR. Queremos discutir melhor este programa e esperamos dar continuidade às negociações. Do jeito que está, não dá”, finalizou Gutemberg.

 

Fonte: Contraf-CUT

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