(Recife) O Sindicato dos Bancários de Pernambuco realiza nesta quarta, 21, um dia de atividades no ABN-Real. A intenção é pressionar o banco, que negocia neste final de junho. Os empregados querem, principalmente, o fim dos projetos Arte e 2 X 1. Inspirado no modelo americano de vendas, o chamado projeto Arte – Ação, Resultado, Tenacidade e Excelência, é um programa de metas, com ações definidas semanalmente em conferência entre as superintendências nacionais e gerentes gerais.
“Acontece que falta infra-estrutura, os funcionários são poucos e, do jeito que está, o projeto está mais para Arte de Matar”, afirma o diretor do Sindicato, Paulo Sobral. As informações que chegam até os sindicatos mostram que, na prática, o que vem ocorrendo, desde a implantação do projeto, é o incentivo ao assédio moral nas agências. Há casos de ameaças de demissão, divulgação de listas com os piores resultados, entre outras medidas que desestimulam o trabalho de equipe e geram tensão e doenças psíquicas entre os trabalhadores.
“Outros bancos, a exemplo do HSBC, já tentaram imitar esse modelo e não deu certo”, acrescenta o representante do Nordeste na Comissão de Organização dos Empregados, Aluízio Lira. Para ele, ações como estas mostram que a palavra do presidente do banco, Fábio Barbosa, que em encontro internacional no mês de março afirmou que a empresa tem metas humanas e sociais a cumprir, não tem base na prática do banco.
Um funcionário no lugar de dois
O impacto do chamado Projeto Arte é ainda mais desastroso quando somado aos efeitos do programa 2 x 1. Iniciado em São Paulo este ano, ele já atinge cerca de vinte locais de trabalho. E a intenção é levá-lo para todo o país. Segundo a proposta, um gerente operacional/administrativo passa a ser responsável por duas agências de pequeno ou médio porte. Com isso, além da demissão, o banco gera uma imensa sobrecarga de trabalho, principalmente para os supervisores de operação, que acumularão mais funções, sem receber nada por isso. Além de aumentar o estresse e o risco de doenças ocupacionais, o projeto provoca o desestímulo, já que diminui as oportunidades de ascensão profissional.
Entre os maiores alvos da demissão, estão os funcionários mais antigos, com 20 a 25 anos de banco e melhores salários. Afinal, o ABN-Real faz sempre mais que o possível para reduzir os custos. E o peso disso sempre cai nos ombros nos funcionários. “São projetos que, em nenhum momento, foram discutidos com os representantes dos Funcionários”, acrescenta João Carlos Melo, diretor do Sindicato.
Fonte: Seec PE