(São Paulo) Os trabalhadores do sistema financeiro conquistaram esta semana um importante avanço na luta contra a discriminação nos bancos. Depois de muita pressão do movimento sindical, a Fenaban se comprometeu a fazer o Mapa da Diversidade do Setor Bancário. O acordo foi fechado na terça-feira, dia 5, durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília.
“Esse Mapa será feito banco a banco e depois consolidado em um único documento. Esse compromisso que a Fenaban assumiu é um grande avanço. Precisamos adequar a mesa temática a essa discussão para acompanharmos de perto a execução do Pacto pela Diversidade, que será assinado após a realização do Mapa”, destacou Neide Fonseca, diretora da Contraf-CUT e representante da Confederação na reunião da Comissão de Direitos Humanos.
Segundo o acordo, o Mapa investigará três itens essenciais: data de admissão, ascensão profissional e remuneração. Os dados serão analisados por gênero, raça, etnia e por geração. Os critérios serão discutidos com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a execução será monitorada pela Comissão de Direitos Humanos.
O Pacto
Neide explica que o resultado do Mapa será considerado o marco zero do projeto. Com o término da pesquisa, os bancos assinarão um documento intitulado Pacto pela Diversidade. A partir daí o MPT fará o acompanhamento da evolução dos programas de diversidade, banco a banco, para verificar o cumprimento do Pacto.
“Precisamos ampliar as discussões nos sindicatos porque a categoria bancária está protagonizando mais um momento histórico. No mesmo instante em que a sociedade debate o Estatuto da Igualdade Racial e Políticas de Ações Afirmativas para negros e negras, mulheres, indígenas etc, estamos garantindo este Pacto. Além de incluirmos geração. Esperamos que o Pacto pela Diversidade desconstrua as desigualdades no mundo do trabalho, o que será o coroamento de uma luta que encampamos há anos. E que passa, inclusive, pela confecção do “Rosto dos Bancários” e os diversos aliados importantes que aglutinamos, entre eles o MPT e os movimentos sociais”, analisa Neide Fonseca.
Outras iniciativas
Durante a reunião de terça-feira, a Febraban informou que no ano passado o sistema financeiro investiu mais de R$ 1 bilhão em ações sociais. Além disso, a Federação patronal disse que cada banco tem tido diversas iniciativas, com investimento de recursos em diversos projetos. Segundo a entidade, os bancos estão trabalhando com duas vertentes: incentivar projetos sobre educação desde a base; dar acesso aos negros que já estão preparados para o mercado.
Para Neide Fonseca, os gastos apresentados pelos bancos em ações sociais são grandes, mas não têm servido para modificar o quadro de exclusão de alguns segmentos. “Não são investimentos focalizados e nem emancipatórios. Os projetos emancipatórios, desenvolvidos banco a banco, além de trabalhar com um número reduzidíssimo de pessoas, têm baixo investimento. Para o público interno não há mudanças substanciais. Negros não ingressam e mulheres não ascendem profissionalmente Os bancos não ‘enxergam’ quem já está no mercado preparado para trabalhar, ou seja, a discriminação está colocada como um fator importante”, afirmou Neide em sua intervenção, durante a reunião.
A dirigente da Contraf-CUT destacou ainda que há duas campanhas salariais a categoria bancária vem propondo, sem obter sucesso, uma cláusula que prevê o mapa da diversidade. “Isso é um começo importante para desenhar políticas efetivas que promovam a diversidade. Somente após um quadro dos resultados do investimento nesses anos, do que os bancos chamam de programas de diversidade, é que se pode avaliar e redimensionar, readequar ou não, os tais programas”, finalizou Neide.
Fonte: Contraf-CUT