Aumenta percepção do preconceito no Brasil

Mulheres e negros têm menor remuneração pelo simples fato de serem mulheres e negros

Uma pesquisa realizada pela Oxfam Brasil e pelo Instituto Datafolha aponta para o aumento da percepção do preconceito no mercado de trabalho em decorrência do gênero e da cor da pele. A Oxfam publicou a pesquisa em seu site na segunda-feira (8).

Os dados mostram que, para 72% dos entrevistados, a cor da pele influencia a decisão de contratação por empresas; 64% acreditam que as mulheres ganham menos do que homens que realizam as mesmas funções pelo simples fato de serem mulheres; e que negros ganham menos devido a cor de suas peles. Na pesquisa anterior, realizada em 2017, eram 57% as pessoas que acreditam que as mulheres ganhavam menos por serem mulheres e 46% os que acreditam que negros ganham menos por serem negros.

“Havia um falácia de que no Brasil não existe preconceito. Sabemos que isso não é verdade. Sempre houve preconceito em nosso país. Isso também pode ser observado nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e nos dois censos realizados na categoria bancária em 2008 e 2014”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Dados do IBGE mostram que, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 20,5% menos que os homens e a renda dos brancos é 76% maior que a dos negros.

“Os dados da pesquisa da Oxfam confirmam o que constatamos facilmente na sociedade. As pessoas e até as empresas parecem não ter mais nenhum pudor de mostrarem seus preconceitos”, observou a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Rosalina Amorim. “Se existe alguma coisa boa, é que as pessoas estão percebendo que existe o preconceito. Não é mais uma coisa velada”, completou.

“Precisamos estar atentas e nos mantermos fortes, unidas, para que o conservadorismo não atinja permanentemente a sociedade e nos imponha retrocessos em nossos direitos”, disse a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis. “É importante vivermos em uma sociedade na qual haja igualdade e respeito entre todos, independentemente de religião, gênero, orientação sexual, cor da pele ou quaisquer outras características pessoais”, completou.

Censo da Diversidade Bancária

Na categoria bancária, assim como em toda nossa sociedade, este é um problema que persiste. A Contraf-CUT, em conjunto com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) realizará em 2019 o 3º Censo da Diversidade Bancária. “Mas, a ideia é que o censo não apenas traga uma fotografia da realidade do setor, mas se torne uma ferramenta de formação e de transformação da cultura discriminatória que ainda persiste no sistema financeiro e na sociedade brasileira”, explicou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT.

A próxima reunião da mesa de negociações de Igualdade de Oportunidades será na quarta-feira (10).

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