Manifestação contou com a participação de movimentos sociais
Ao som da capoeira do grupo Aruanê e Nagô, os bancários realizaram na manhã de quinta-feira (17), na porta da agência Centro do Bradesco, em Cuiabá, o ato pela inclusão de negros e negras no sistema financeiro. A ação também marcou a luta pela inclusão de mulheres e pessoas com deficiência, com a participação dos movimentos sociais. O Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT) organizou o protesto em alusão ao 13 de maio, dia da abolição da escravatura.
De acordo com o presidente do SEEB-MT, Arilson da Silva, o Sindicato defende a bandeira da inclusão de todas as minorias e é importante realizar ações que despertem a conscientização.
“Pesquisas mostram que os negros são poucos nos bancos, que a discriminação persiste. Temos que contribuir na mudança desta realidade. Vamos sempre fortalecer a luta pela inclusão de todos, pois uma coisa é certa, os bancos têm sim condições de contratar mais pessoas”, disse Arilson.
Ele destaca ainda que a situação da discriminação negra se agrava quando o caso se encaixa em uma trabalhadora. “Se a pessoa negra for uma mulher, a discriminação é ainda maior, o que é uma realidade vergonhosa. Pesquisa realizada entre os bancários do Brasil constatou que negros e negras são minoria gritante no ambiente bancário, 19% dos bancários homens eram negros em 2009, e entre as bancárias negras, este índice é menor, 13%”.
Segundo a representante do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso, Antonieta Costa, os negros ainda não se enxergam nos bancos, pois são minoria. “Quando entramos aos bancos, geralmente encontramos o negro como vigilante ou faxineira,mas é difícil ver um bancário, como um gerente. Esta realidade tem que melhorar, o processo de conscientização deve atingir todos”.
Dados
No Brasil, 81% dos bancários são brancos. Além de serem minoria nas agências, os negros ainda têm dificuldade de obter promoção, apenas 20% conseguem ascensão na carreira.
Os dados são do Mapa da Diversidade no Setor Bancário, elaborado pela Febraban, que aponta ainda defasagem salarial. Funcionários negros recebem em média 64,2% do salário dos brancos.
Os negros constituem 35,7% da População Economicamente Ativa (PEA), mas ocupam apenas 19% dos postos de trabalho no sistema financeiro.