Ato do Dia de Combate à Aids em São Paulo lembra importância da prevenção

Discriminação continua vitimando soropositivos, diz Walcir Previtale

No início da tarde desta quinta-feira 1º de dezembro o Sindicato dos Bancários de São Paulo realizou um ato lúdico em homenagem ao Dia Mundial de Combate à Aids. Diante da impávida estátua de José Bonifácio – essa sim, sem razão alguma para temer o HIV – na Praça do Patriarca foi apresentada uma peça de teatro que, de forma lúdica, combateu a discriminação e incentivou o uso de preservativos. Mais de 4 mil camisinhas foram distribuídas.

“Essa história de ‘não chupar bala com papel’ está por fora. O ‘bichinho’ não faz distinção de pessoas”, alertava durante a apresentação o ator Adriano Mauriz, da trupe teatral Filhos da Dita. O grupo é ligado ao Instituto Pombas Urbanas, composto por jovens da Cidade Tiradentes.

Os artistas encenaram uma parte da tragicomédia Mingau de Concreto, montagem que narra situações cotidianas de quem vive no centro e descrevia os perigos que rondam personagens comuns ao cenário noturno das metrópoles. “Temos personagens como bêbados, malandros, travestis, meninos de rua, grã-finas decadentes, autoridades e até religiosos. Todos devem se proteger usando preservativos”, disse.

Cleonice Alves, que passeava pelo centro no momento da apresentação, apoiava a iniciativa do Sindicato. “As pessoas precisam entender que não podem praticar sexo por aí, com diversos parceiros, sem o uso da camisinha.”

O metalúrgico Sérgio Muniz tinha opinião parecida. “Informação nós temos bastante, mas acho que o machismo e a homofobia acabam tornando as pessoas mais vulneráveis. A Aids não escolhe classe social, gênero ou religião”, disse, logo após interagir com os atores em uma das cenas.

Segundo pesquisa encomendada pelo Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, 19,2% dos paulistanos acreditam que homossexuais e prostitutas são os únicos com risco de contrair o vírus HIV.

Prevenção sim, discriminação não

Segundo o secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale, a intenção do ato é fomentar o debate sobre a prevenção e também explicar que mesmo os soropositivos podem ter uma vida normal. “A discriminação ainda é um problema. Muitos não procuram ajuda, não expõem sua doença por conta da reação das pessoas.”

O dirigente explicou que a recomendação 200 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) implica que “condição real ou presumida de infecção por HIV não deve ser motivo de discriminação, impedindo a contratação, a permanência no emprego ou a busca de iguais oportunidades, como promoções. Estamos sempre discutindo esse tema junto aos bancos”.

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