Empregados da Caixa Econômica Federal decidiram, na noite desta quinta-feira (22), decretar estado de greve e paralisar as atividades por 24h na próxima terça-feira (27). A deliberação foi tomada em assembleias com votação eletrônica realizadas por sindicatos de todo o país.
“O governo Bolsonaro está destruindo o país. Vemos, mais claramente, o que está acontecendo nas áreas da saúde e do meio ambiente, mas, apesar de não haver tanto destaque na mídia, a mesma destruição ocorre com relação aos direitos dos trabalhadores e ao patrimônio público”, afirmou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “É justamente contra a tentativa de vender a Caixa a troco de bananas e contra o massacre pelo qual vem passando os empregados, que se arriscam e muitos dão suas próprias vidas para atender as pessoas que precisam receber o Auxílio Emergencial e outros tantos benefícios pagos pela Caixa que estamos decretando o estado de greve e vamos paralisar as atividades na próxima terça-feira”, completou.
Privatização e desmonte da Caixa
Um dos motivos para a decisão tomada pelos empregados da Caixa nesta quinta-feira é o que eles chamam de privatização fatiada, ou venda disfarçada do único banco 100% público do país. O mais novo alvo do governo Bolsonaro e de seu ministro Paulo Guedes é a Caixa Seguridade, que terá seu capital aberto na próxima quinta-feira (29). Os recursos obtidos com a venda da Caixa Seguridade serão devolvidos ao Tesouro Nacional, por meio dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCDs).
“Estas duas operações, somadas, podem acabar com a Caixa, uma vez que promoverá a descapitalização do banco e tirará uma das suas grandes fontes de receita”, explicou coordenadora da CEE.
Ataques aos funcionários
“O outro motivo das paralisações é o assédio institucional que existe na empresa e as metas desumanas. Os colegas são obrigados a trabalhar à exaustão sem serem valorizados. As condições de trabalho são precárias e as pessoas têm medo também por conta da pandemia”, disse Fabiana.
A Caixa, por pura liberalidade, simplesmente não pagou corretamente a PLR Social e sequer comunicou o fato aos empregados. “Os trabalhadores perceberam e entraram em contato com os sindicatos, que fizeram os cálculos e constataram a diferença de R$ 1.593,43 a menor”, afirmou a dirigente sindical.
Ataques à população
O estado de greve e a paralisação também foram deflagrados para cobrar melhores condições de trabalho e de atendimento à população, por meio de mais contratações, proteção contra a Covid-19 e vacinação prioritária para os empregados do banco.
“A cada ano vemos diminuir o número de empregados para atender a população, mesmo com o estrondoso aumento de clientes do banco, o que acarreta superlotação das agências e as filas gigantescas que vemos retratadas pela imprensa. O banco, não à toa, é tido como foco de proliferação da Covid-19”, disse a coordenadora da CEE/Caixa.
Para se protegerem e evitar o contágio destes clientes, os empregados pedem que a direção da Caixa negocie com o Governo Federal a prioridade no Plano Nacional de Imunização.
“Ou seja, não faltam motivos para os empregados se mobilizarem e paralisarem suas atividades em protesto, pois os ataques promovidos pela direção da Caixa e pelo Governo Federal prejudicam os funcionários, a população e o país, que corre o risco de perder o banco que atende a população nos momentos que ela mais precisa”, concluiu.