(São Paulo) Especialistas em saúde e direito dos trabalhadores estiveram na noite desta segunda-feira, dia 19, no Sindicato, em conferência sobre Assédio Moral que abriu a campanha da entidade sobre o tema.
A médica sanitarista Maria Maeno, o advogado previdenciário Antonio de Arruda Rebouças e o pesquisador da FGV-SP e da Unicamp José Roberto Heloani foram os convidados a discorrer sobre as condições de trabalho impostas pelos bancos e suas implicações à saúde física e mental dos bancários.
A conferência foi aberta pelo diretor de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Walcir Previtale Bruno, e pela secretária-geral da entidade, Juvandia Moreira, que apresentaram os convidados.
Em sua fala, o professor Heloani frisou a situação vivida pelos bancários. "O setor é um paradigma, um modelo de má gestão."
Para o acadêmico, o assédio moral é resultado da ameaça do desemprego e da forma perversa com que o trabalho passou a ser organizado pelas recentes práticas de gestão das empresas. "Você tem uma multidão de gente do lado de fora, querendo entrar, e outra multidão querendo ficar e fazendo de tudo para isso, até ver o colega como um inimigo ou um simples meio de subir na carreira."
Doenças – A categoria bancária está entre as que mais sofre violência moral no trabalho. Embora os bancos omitam grande parte das ocorrências, os números são claros e registram um significativo e preocupante aumento na incidência, por exemplo, de afastamento de bancários para tratamento de distúrbios mentais.
Em 2000, o INSS apontou 1.038 casos; já em 2004 foram 1.717, ou seja, 65% a mais, em apenas quatro anos (o órgão ainda não divulgou os números de 2005).
“É preciso alterar essa forma de organizar o trabalho, que só explora os funcionários até a exaustão. Por isso, essa campanha é permanente, não tem data para terminar e o tema estará na pauta da campanha nacional dos bancários”, afirma o diretor do Sindicato Walcir Bruno.
Na ocasião, foi lançado ainda um folheto com informações sobre o Assédio Moral, que será distribuído entre os bancários da base de São Paulo, Osasco e região.
“A informação é uma das grandes armas do trabalhador contra esse mal. Quanto mais se conhece o problema, maior é a chance de se defender dos agressores”, completa Walcir.
Fonte: Fábio Michel – Seeb SP