(Rio) Um vigilante morreu e a caixa Maria Cristina de Araújo, dirigente do Sindicato da Baixada Fluminense, ficou ferida em um assalto que aconteceu na tarde de terça-feira numa agência do Itaú em Duque de Caxias. A bancária já teve alta hospitalar e se recupera em casa do ferimento na perna.
A ação foi rápida e não há informações exatas sobre como tudo aconteceu. Pelo que foi levantado pelo Sindicato da Baixada, um dos assaltantes entrou na agência e rendeu a gerente, indo com ela em direção ao cofre. No caminho, passaram pela copa da unidade, onde uma outra bancária almoçava. Enquanto isso, o vigilante baleado foi rendido por dois outros homens. Maria Cristina, que estava no caixa, percebeu a movimentação estranha e se dirigiu à copa, onde esperava encontrar o gerente geral. Ao chegar, ela foi informada do assalto e reparou que o bandido estava armado com uma pistola e uma granada. A bancária levava nas mãos R$ 2 mil em dinheiro, que vinha contando ao sair de seu posto, e o assaltante tomou-lhe as notas das mãos. Neste momento, ouviram-se tiros no salão e o assaltante que estava na copa, assustado, disparou para baixo, atingindo a perna de Maria Cristina, e fugiu correndo.
O vigilante foi morto com um tiro no pescoço. Outro disparo foi detido pelo colete à prova de balas. Não se sabe ao certo quantos tiros foram disparados contra ele. Com o fracasso da ação, os assaltantes atiraram diversas vezes contra as portas de vidro da agência, que se espatifaram, dando fuga aos bandidos. O vigilante morto tinha 52 anos e deixou dois filhos. Os ladrões levaram apenas os R$ 2 mil tomados das mãos de Maria Cristina.
Alguns minutos depois, dois suspeitos foram presos numa rua atrás daquela onde fica a agência. Segundo informações, um policial teria notado manchas de sangue nas roupas dos dois homens. Mas não houve reconhecimento dos suspeitos porque os funcionários do banco, muito abalados, não compareceram à delegacia.
Sindicato atua para garantir direitos
O sindicato dos bancários esteve na agência assaltada para dar assistência aos bancários. Com a porta de vidro quebrada, não havia condição de funcionamento e os funcionários foram dispensados. O Seeb também fez incluir no Boletim de Ocorrência os nomes de todos os funcionários e terceirizados que estavam na unidade no momento do crime. A entidade está pressionando o banco a emitir CAT para todos os empregados, não só para a bancária que foi baleada.
“Estamos agora preocupados com a reconstituição emocional dos trabalhadores. Todos ficaram muito abalados com o assalto”, destaca Marcelo Silva, diretor do Seeb-Baixada e funcionário do Itaú. O caso é ainda mais chocante porque o vigilante morto atuava na unidade há muitos anos e era amigo dos bancários. “Ele chegou a freqüentar as feijoadas do Sindicato”, relata Marcelo. Os vigilantes da Baixada ficaram muito próximos da entidade, principalmente depois que o sindicato prestou solidariedade quando a empresa Estrela Azul, onde muitos trabalhavam, faliu. A situação trabalhista dos trabalhadores da empresa ainda é acompanhada pelo sindicato.
Limpou o sangue e reabriu
Ontem pela manhã tudo funcionava normalmente. Os vidros quebrados foram substituídos e funcionários de outras unidades foram transferidos para a agência assaltada. O Sindicato dos Bancários não conseguiu localizar os empregados da agência para verificar se estavam em casa ou se trabalhavam num local diferente.
A situação reabre a discussão sobre segurança bancária. “O modelo que temos hoje só protege o patrimônio dos bancos, não a vida das pessoas que trabalham neles ou que usam seus serviços”, destaca Marcelo Silva. E as falhas na segurança da agência ainda pioraram a situação. O vidro que foi destruído a tiros para dar passagem aos ladrões em fuga deveria ser blindado. A passagem para o cofre, através da copa da unidade, expõe os bancários a um risco ainda maior, como foi o caso da funcionária que almoçava no momento do assalto. As portas giratórias são ruins, porque não detectam adequadamente as armas e são destravadas manualmente pelos vigilantes. “Não é à toa que os bancos foram reclassificados para o nível 3 em risco para efeito da contribuição para o Seguro de Acidentes de Trabalho”, lembra o dirigente. A Fenaban não aceita discutir o assunto com o movimento sindical, alegando que a questão é técnica e só a Polícia Federal tem competência para discuti-la. “É inadmissível que não se debata seriamente este problema. E não só a segurança nas agências, mas também a de percurso e a das famílias dos bancários, que são seqüestradas por assaltantes para pressionar os funcionários a dar acesso às instalações do banco”, revolta-se Marcelo.
Fonte: Feeb RJ/ES