(São Paulo) Desde 2004, o estado de São Paulo teve 1.053 assaltos a banco, 566 a mais do que o registrado pela Secretaria de Segurança estadual. A diferença é 116% superior aos 487 divulgados. A informação está no jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira. A discrepância produzida pela recontagem levou o governo a rever as estatísticas divulgadas pelas gestões de Geraldo Alckmin (PSDB) e Cláudio Lembo (DEM, ex-PFL).
O secretário Ronaldo Marzagão não quis, segundo o jornal, falar se houve má-fé com o objetivo de manipular os dados para baixar as estatísticas, mas prometeu apuração. Lembo disse confiar no então titular do cargo, Saulo de Castro Abreu Filho. Alckmin não foi localizado.
O reconhecimento da diferença ocorreu depois que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) publicou o número de roubos a banco, superiores aos oficiais. Com a revisão, promovida a partir de boletins de ocorrência na polícia, o número final revelou-se ainda maior do que o da entidade.
O erro estatístico, segundo o atual secretário, foi resultado da forma de preenchimento dos dados nas delegacias. Não há definição sobre punição aos policiais, caso a responsabilidade recaia sobre eles.
Bancário sofre
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) alerta que os bancos não investem sequer nos itens de segurança exigidos por lei – que seria ainda insuficiente para garantir tranquilidade a clientes e bancários. Pior, a cada vez que os dados são revistos, mais casos são encontrados. Esse cenário reforça a constatação de que passamos por um “apagão” na segurança bancária.
“Se o Poder Público tem um papel a cumprir, os bancos precisam investir na vida de seus funcionários e dos correntistas, e parar de se preocupar apenas com seguros sobre o patrimônio”, sustenta Gutemberg de Oliveira, membro Fetec-SP na Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Pública (CCasp).
Fonte: Contraf-CUT, com Folha de S.Paulo