Por Vagner Freitas*
Não há explicação para as 1.800 demissões anunciadas pela Volkswagen no Brasil e o anúncio de que no curto prazo esse número mais que dobrará. A indústria automobilística, no país, bateu recorde de produção e exportações nos primeiros sete meses do ano. Segundo números da Anfavea, entidade que reúne os fabricantes, foram 1,52 milhão de veículos produzidos (4,4% a mais que 2005), com vendas no mercado interno crescendo 9,4%, exportações aumentando 6,8%. Segundo resumo que existe no site da própria entidade, “produção, vendas internas e exportações automotivas tiveram os melhores resultados acumulados dos últimos anos”.
Se a crise não é setorial, o que leva a Volks a percorrer caminho contrário ao desenvolvimento do país? Está tendo prejuízos? Isso também não é verdade. No segundo trimestre deste ano seu lucro mundial mais que dobrou, chegando a 859 milhões de euros, contra 333 milhões de euros no mesmo período de 2005. A receita cresceu 8,1%, chegando a 26,56 bilhões de euros, contra 24,58 bilhões um ano antes.
Não é o caso de problemas econômicos, mas mesmo que esses existissem é inadmissível que a primeira medida adotada por uma empresa seja demitir trabalhadores, por que razão for. A Volks vem fazendo uma reestruturação mundial não por causa de prejuízos, mas sim porque considera que seus lucros, embora bilionários, são ainda pequenos. E nada melhor para animar os especuladores financeiros que anunciar o corte de empregados. Daí, os urubus do mercado correm às compras e as ações da empresa se valorizam. Tudo simples para aqueles que especulam, sem nenhuma preocupação com o desenvolvimento social.
Mas se quer se valorizar, outras medidas seriam muito mais eficazes para melhorar o rendimento da Volks. Ainda mais num momento em que o Brasil está se desenvolvendo de maneira sustentável, com perspectivas de crescimento em todos os setores e em que estão sendo gerados mais de 1,5 milhão de empregos formais por ano. Nesse momento, a Volks opta por trafegar na contramão, sem nenhuma justificativa.
Fez muito bem o governo brasileiro em cancelar o empréstimo com juros subsidiados para a montadora, afinal os recursos utilizados pelo BNDES vêm em grande parte do Fundo de Amparo ao Trabalhador, FAT, que pertence aos trabalhadores e não pode ser usado por quem demite. Seria bom que, como regra, tais empréstimos só pudessem ser concedidos a quem gerar novos empregos. A atitude demonstra o quanto o governo Lula é diferente de seu antecessor, que usava recursos públicos para financiar demissões, como no caso das privatizações.
Por último, os trabalhadores do Ramo Financeiro colocam à disposição dos companheiros metalúrgicos, e de seu sindicato, o que for necessário nessa batalha que não é de apenas um setor da economia, mas sim de todos os trabalhadores. Além da história que temos em comum, de construção de um movimento sindical combativo e de lutar por uma sociedade mais justa, fica a solidariedade de amigos que sabem a importância dos metalúrgicos para a sociedade brasileira.
E é bom lembrar que estamos no momento da Campanha Nacional Unificada, organizada pela CUT, em que vários ramos de trabalhadores estão unidos por mais salário, emprego, saúde, fim do assédio moral, melhores condições de vida para todos. Essa campanha, como bem lembrou o presidente da Central, Artur Henrique, não foi organizada em função do caso Volks, porém, esse grave episódio pode servir de referência a indicar a necessidade de lutarmos mais pela implementação de nossas propostas. Como uma conquista que os bancários já tiveram, com o estabelecimento de piso salarial por ramo de atividade em todo o país, o que evitaria o deslocamento de fábricas de um lugar pelo outro buscando rebaixar salários e direitos.
No caso dos trabalhadores do ramo financeiro, a batalha é para que os direitos conquistados pelos bancários sejam também de todos que estejam empregados no sistema financeiro, e que os bancos insistem em terceirizar e adotar outras fraudes para diminuir salários e rebaixar direitos, aumentando ainda mais seus lucros siderais. Como se vê, estamos unidos em uma batalha muito parecida, a de uma vida mais digna para os trabalhadores que constroem este país.
*Vagner Freitas é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Contraf-CUT, e secretário executivo da Central Única dos Trabalhadores.
Por Vagner Freitas*
Não há explicação para as 1.800 demissões anunciadas pela Volkswagen no Brasil e o anúncio de que no curto prazo esse número mais que dobrará. A indústria automobilística, no país, bateu recorde de produção e exportações nos primeiros sete meses do ano. Segundo números da Anfavea, entidade que reúne os fabricantes, foram 1,52 milhão de veículos produzidos (4,4% a mais que 2005), com vendas no mercado interno crescendo 9,4%, exportações aumentando 6,8%. Segundo resumo que existe no site da própria entidade, “produção, vendas internas e exportações automotivas tiveram os melhores resultados acumulados dos últimos anos”.
Se a crise não é setorial, o que leva a Volks a percorrer caminho contrário ao desenvolvimento do país? Está tendo prejuízos? Isso também não é verdade. No segundo trimestre deste ano seu lucro mundial mais que dobrou, chegando a 859 milhões de euros, contra 333 milhões de euros no mesmo período de
Não é o caso de problemas econômicos, mas mesmo que esses existissem é inadmissível que a primeira medida adotada por uma empresa seja demitir trabalhadores, por que razão for. A Volks vem fazendo uma reestruturação mundial não por causa de prejuízos, mas sim porque considera que seus lucros, embora bilionários, são ainda pequenos. E nada melhor para animar os especuladores financeiros que anunciar o corte de empregados. Daí, os urubus do mercado correm às compras e as ações da empresa se valorizam. Tudo simples para aqueles que especulam, sem nenhuma preocupação com o desenvolvimento social.
Mas se quer se valorizar, outras medidas seriam muito mais eficazes para melhorar o rendimento da Volks. Ainda mais num momento em que o Brasil está se desenvolvendo de maneira sustentável, com perspectivas de crescimento em todos os setores e em que estão sendo gerados mais de 1,5 milhão de empregos formais por ano. Nesse momento, a Volks opta por trafegar na contramão, sem nenhuma justificativa.
Fez muito bem o governo brasileiro em cancelar o empréstimo com juros subsidiados para a montadora, afinal os recursos utilizados pelo BNDES vêm em grande parte do Fundo de Amparo ao Trabalhador, FAT, que pertence aos trabalhadores e não pode ser usado por quem demite. Seria bom que, como regra, tais empréstimos só pudessem ser concedidos a quem gerar novos empregos. A atitude demonstra o quanto o governo Lula é diferente de seu antecessor, que usava recursos públicos para financiar demissões, como no caso das privatizações.
Por último, os trabalhadores do Ramo Financeiro colocam à disposição dos companheiros metalúrgicos, e de seu sindicato, o que for necessário nessa batalha que não é de apenas um setor da economia, mas sim de todos os trabalhadores. Além da história que temos em comum, de construção de um movimento sindical combativo e de lutar por uma sociedade mais justa, fica a solidariedade de amigos que sabem a importância dos metalúrgicos para a sociedade brasileira.
E é bom lembrar que estamos no momento da Campanha Nacional Unificada, organizada pela CUT, em que vários ramos de trabalhadores estão unidos por mais salário, emprego, saúde, fim do assédio moral, melhores condições de vida para todos. Essa campanha, como bem lembrou o presidente da Central, Artur Henrique, não foi organizada em função do caso Volks, porém, esse grave episódio pode servir de referência a indicar a necessidade de lutarmos mais pela implementação de nossas propostas. Como uma conquista que os bancários já tiveram, com o estabelecimento de piso salarial por ramo de atividade em todo o país, o que evitaria o deslocamento de fábricas de um lugar pelo outro buscando rebaixar salários e direitos.
No caso dos trabalhadores do ramo financeiro, a batalha é para que os direitos conquistados pelos bancários sejam também de todos que estejam empregados no sistema financeiro, e que os bancos insistem em terceirizar e adotar outras fraudes para diminuir salários e rebaixar direitos, aumentando ainda mais seus lucros siderais. Como se vê, estamos unidos em uma batalha muito parecida, a de uma vida mais digna para os trabalhadores que constroem este país.
*Vagner Freitas é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Contraf-CUT, e secretário executivo da Central Única dos Trabalhadores.