ARTIGO: Unidos somos mais fortes

Por Maria Rita Serrano *
 
Nós, bancários, iniciamos nossa campanha salarial em 10 de agosto. Somente agora, após dois meses, depois de paralisações, greves e muita luta é que conseguimos realizar um acordo minimamente decente com os banqueiros.

Quero iniciar a análise desse processo pelo fato desse ano ser eleitoral. Muitos bancários (as) acreditam que em um ano de eleições é mais fácil negociar, mas minha experiência sindical mostra que não. Novamente esse fato foi comprado.

Os banqueiros, representados na mesa da Fenaban – a maioria de bancos privados – dificultaram profundamente as negociações, de tal forma que, mesmo com a greve, não foi possível arrancar grandes avanços na negociação.

Embora o índice de 3,5% venha com aumento real, não podemos afirmar que é o ideal. Os bancos, liderados pelo Bradesco, imputaram aos bancários a coerção, a repressão, as ações judiciais e a polícia. E, no tempo todo, tinham um objetivo claro: desgastar os sindicatos e a categoria, mas, também, o atual governo federal, visto que a greve ocorreu mais fortemente na Caixa Federal e no Banco do Brasil.

Os sindicatos do país organizaram a greve. Na região do ABC, mesmo com todas as dificuldades impostas por alguns bancários que não tiveram disposição para o enfrentamento, o movimento foi forte e chegamos a ter as 150 maiores agências paradas. Mais de 3.000 bancários participaram das atividades. Posso afirmar que foi uma das maiores greves da região.

Os funcionários da Caixa Federal deram uma demonstração de organização. A maioria se manteve em greve durante todos os dias. No ABC e no país, esse segmento foi o maior ativo na campanha.

Graças à greve, tanto a Fenaban como a direção dos bancos públicos, resolveram fazer novas propostas econômicas à categoria. O índice é o mesmo para todos, mas, na configuração da PLR as propostas são distintas. A Caixa e o BB foram os únicos que acataram a nossa reivindicação de PLR linear.

É preciso destacar que os bancos públicos tiveram, na década de 90, momentos difíceis com demissões e, durante os oito anos do governo FHC, não obtiveram reajuste salarial.

A partir de 2003, com a campanha unificada de bancos privados e públicos, nossos acordos deram um salto de qualidade.

Acredito que o caminho continua sendo o da Campanha Nacional Unificada, mas, faz-se necessário aprimorar esse modelo, para que não tenhamos mais distinção na participação dos bancários dos diversos bancos nas campanhas salariais.

É preciso, também, que os 108 sindicatos filiados à nossa Confederação façam um esforço concentrado para que tenhamos ações concomitantes. E não o que ocorreu novamente esse ano, de uma parte dos Estados fazer greve antes dos outros.

Enfim, temos muito para avançar, mas, com certeza, unidos somos mais fortes.

* Maria Rita Serrano é presidente do Sindicato dos Bancários do ABC

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