ARTIGO: Quanto vale uma vida para o Bradesco?

O gerente Aleir Fernandes foi seqüestrado há quase dois meses quando saía do trabalho em agência do banco em Uberlândia e encontrado morto ontem. Nesse tempo qual foi o apoio dado à família? O resgate chegou a ser pago? E quais serão as medidas tomadas agora para aumentar a segurança dos bancários?

 

Por Miguel Pereira*

 

O seqüestro do bancário Aleir Fernandes, gerente do Bradesco em Uberlândia, que ocorreu em novembro do ano passado, terminou da maneira mais trágica possível. Seu corpo foi encontrado escondido no sótão de uma escola de informática e teria sido morto há mais de um mês pelo dono da escola, que alega ter cometido o crime para pagar uma dívida de R$ 30 mil. O resgate pedido foi de R$ 45 mil.

 

Nessa hora, o Banco tem a obrigação de dar toda a assistência possível à família, mas precisa também trabalhar para que o fato não se repita. Quem lida com o dia-a-dia dos bancários sabe que, principalmente nas pequenas cidades, os funcionários estão sujeitos à sua própria sorte, muitas vezes carregando valores de maneira irregular nos próprios automóveis.

 

Mais especificamente nesse caso, o Bradesco também tem a obrigação de se pronunciar e dizer para a sociedade quais medidas adotou depois do seqüestro. Ajudou a família? Pagou o valor do resgate ou achou o preço caro demais pela vida de um funcionário? Quais responsabilidades assumiu? Essas respostas são necessárias, principalmente porque este funcionário e sua família, e outros pelo país afora, ficaram em risco por conta do cargo ocupado na empresa. A Contraf-CUT enviará ofício à direção do banco pedindo esses esclarecimentos.

 

Mas desde já sabe-se que o Bradesco é um dos bancos mais reticentes em adotar medidas de segurança, como as portas com detectores de metais e que vem fazendo bem pouco para evitar seqüestros como esse que acabou agora.

 

À família, só podemos dar neste momento nossa solidariedade, mas os bancários de todo o país têm o dever de lutar para que fatos como esse não se repitam e cobrar do Bradesco sua responsabilidade.

 

* Miguel Pereira é secretário de Finanças da Contraf-CUT

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