Maria Rita Serrano, Fernando Neiva e Rafael Matos
No primeiro debate após o primeiro turno das eleições presidenciais, realizado pela Band no último 14 de outubro, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) apresentaram suas propostas para os bancos públicos. Enquanto a presidenta manteve o discurso da prioridade aos programas sociais, o tucano saiu-se com a frase: ‘É claro que nós não vamos privatizar os bancos públicos, nós vamos sanear, dar transparência’.
E o que, exatamente, seria esse saneamento, essa ‘limpeza’ – para usar um dos sinônimos da palavra – proposta por Aécio Neves?
Necessariamente, dizer que não vai privatizar não significa menos riscos para o trabalho desenvolvido pela Caixa e pelo Banco do Brasil hoje e para os direitos de seus trabalhadores. Esse ‘sanear’ pode representar muito bem uma palavrinha muito usada pela cartilha neoliberal: as famosas ‘restruturações’, que tantas demissões causaram nos anos 1990, sob governo de Fernando Henrique Cardoso.
Talvez esse sanear não seja mesmo privatizar, mas sim fechar a Caixa e o BB, já que o ministro da Economia num eventual governo Aécio, Armínio Fraga, já deixou claro que não sabe o que vai “sobrar” dos bancos públicos.
Outra palavra usada pelo candidato tucano, e que causa não só estranheza como muita desconfiança, é profissionalizar. Ora, 99,9% dos empregados da Caixa Federal são concursados. Apenas na presidência e nas 12 vice-presidências estão pessoas indicadas para ocupar os cargos. Os concursos da Caixa Federal estão entre os mais concorridos. O mesmo ocorre no Banco do Brasil, cujos trabalhadores igualmente enfrentam concursos disputadíssimos – ali, além do presidente, são nove as vice-presidências. Qual é, então, a profissionalização a que Aécio Neves se refere?
Nós, empregados da Caixa Federal e do BB, conhecemos o dia a dia da empresa e as ações desenvolvidas pelos governos Lula e Dilma. Muitos viveram os anos neoliberais de FHC e sabem das consequências daquele período para os brasileiros e os trabalhadores. É hora de refletir e, principalmente, ter clareza do que nos espera como cidadãos e funcionários de um banco público. Você tem?
Fernando Neiva e Maria Rita Serrano são representantes eleitos dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.
Rafael Matos é representante eleito dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil.