ARTIGO: Entenda a composi‡Æo da PLR do BB

Por William Mendes*

 

Logo após a divulgação da proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) feita pelo Banco do Brasil, a Contraf-CUT recebeu dezenas de e-mails questionando sobre o módulo variável. No semestre passado, os funcionários receberam uma parcela equivalente a 95% do salário, que agora seria de 45%.

 

Esta redução da porcentagem do salário já era prevista. Desde 2003, quando conquistamos com a greve o modelo de PLR da Fenaban, o percentual do salário gira em torno dos 40%. Naquele ano, reivindicamos o modelo da Convenção Coletiva (80% do salário + R$ 828 fixos em valores atualizados), que é anual, e adaptamos à nossa PLR que é semestral. No último semestre, o BB teve um lucro que incluiu quase R$ 2 bilhões de créditos tributários. Com o montante envolvido conseguimos dar esse salto na porcentagem. Mas foi um valor extraordinário, que se deveu justamente ao lucro maior do banco.

 

É importante destacar que se fossem aplicados os 95% do semestre anterior, praticamente todo o montante destinado à PLR seria consumido com esta parte do módulo variável. Isto quer dizer que a metade da pirâmide para baixo seria prejudicada e os altos salários seriam favorecidos.

 

Não é isto que a Contraf-CUT defende. Brigamos pela distribuição do percentual do lucro líquido de forma linear para privilegiar a base da pirâmide. A parte fixa da PLR de R$ 412 e os R$ 1.011,36 referentes à distribuição dos 4% do lucro líquido consomem quase a metade do montante reservado, o que é importante para os trabalhadores que ganham menos.

 

Vale ressaltar que o problema da PLR do BB está nos critérios de distribuição, que penaliza os bancários substitutos que participaram da greve no ano passado. Além de ser muita cara-de-pau da empresa não reduzir o módulo bônus do topo da pirâmide, ou seja, dos NRF 01, na mesma proporção de todos os bancários.

 

O modelo da PLR não é problema e nós entendemos ser bastante positivo, inclusive se comparada ao da categoria, que foi a nossa referência. Pois os bancos privados não aceitaram até hoje a distribuição de parte do lucro de forma linear.

 

É bom lembrar, ainda, que a Contraf-CUT tem aceito o módulo ATB (acordo de trabalho) desde o primeiro semestre de 2005 por considerar avanços as conquistas para o conjunto dos bancários nos módulos variável e fixo, que não excluem ninguém.

 

Desta vez, a Contraf-CUT está indicando a rejeição da proposta nas assembléias porque o BB quer perseguir e punir os colegas substitutos que lutaram na campanha salarial passada. E isto não podemos admitir, mesmo que tenhamos que programar uma greve para as próximas semanas não só pela PLR, mas pelo “conjunto da obra” do BB.

 

* William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf-CUT e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB

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