José Boaventura Santos*
O significativo aumento de assaltos a banco nos últimos meses em São Paulo e cidades do interior de Minas e do Nordeste, têm resultado em mortes, ferimentos graves e lesões psicológicas imensuráveis para todos, em especial os vigilantes, bancários, clientes, famílias atingidas e cidadãos em geral, com a triste sensação de insegurança e medo, o que tem levado a imprensa a dar um enfoque, a nosso ver, bastante limitado ao problema.
O assunto envolve questões de segurança pública e ambiente de violência social, mas centra a fragilidade do problema principalmente na preparação dos profissionais vigilantes, deixando de lado uma série de aspectos relevantes no tocante a questão fundamental que é a proteção da vida.
O que os bancos investem na segurança das pessoas que circulam no ambiente bancário, além do mínimo obrigatório em lei? Por que o investimento em fachadas bonitas, enquanto são registrados diversos assaltos onde os meliantes usam marreta para quebrar a vidraça e entrar nas agências, sem passar por nenhuma porta? Que tipo de empresa de segurança é contratada, se a cada dia quebram empresas de segurança, algumas de fundo de quintal, sem qualquer qualificação técnica e profissional para vender segurança, sempre deixando os trabalhadores sem nada a receber? Qual o investimento objetivo por parte de bancos e das empresas de segurança em treinamento e material para os vigilantes, além do mínimo obrigatório previsto em lei, que é aplicado para os vigilantes que atuam em qualquer área? Muitas outras perguntas podemos ainda relacionar, mas estes questionamentos são elementares.
Não é difícil respondê-las: O investimento de bancos e empresas em segurança busca atender meramente ao mínimo legal. A preocupação estética e arquitetônica é privilegiada em detrimento da segurança. Temos defendido grades ou vidros blindados nas fachadas, o que os bancos rejeitam alegando custos. Temos defendido junto a Polícia Federal, bancos e empresas, o aumento da carga horária da grade de treinamento e preparação específica para vigilantes de bancos, mas estes novamente alegam custos. Temos denunciado que os bancos contratam, em sua maioria, empresas de segurança sem a menor condição técnica, profissional e responsabilidade, empresas de fundo de quintal, neste campo nada respondem.
Queremos que a segurança e a vida das pessoas sejam vistas como um investimento, não como um custo.
Os vigilantes estão na mesma trincheira com os bancários e com os cidadãos vítimas da violência dos assaltantes, do descaso dos bancos e da irresponsabilidade das empresas de segurança.
Segurança para todos.
* José Boaventura Santos é presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes
Fonte: CUT
