Morte de bancários e clientes nas agências vem se repetindo. Só no último ano foram 11 pessoas, que poderiam viver caso adotadas as medidas de segurança necessárias
Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT e
Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf-CUT
Na quarta-feira, 23 de agosto, morreu a subgerente Bárbara Cristina Fidélis, bancária de 31 anos, que saíra, como todos os dias, para trabalhar na agência Faria Lima do Banco Sudameris, em São Paulo. Ela não teve nenhuma chance. Assaltantes entraram com armas, ninguém sabe como, para fazer um assalto. O vigia reagiu, houve tiroteio, Bárbara ainda foi levada com vida ao hospital, não resistiu. Os assaltantes não levaram o dinheiro, apenas sua vida. E essa perda não há o que console, para a filha de 3 anos, para a família, para os amigos, para os colegas.
Junto com a dor vem a revolta por saber que esse não é um caso isolado. Numa pesquisa feita recentemente com sindicatos filiados à Confederação Nacional do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foram constatadas outras dez mortes no último ano. Gente, como Bárbara, vitimada no local de trabalho, ou bancário seqüestrado em sua residência, com risco para todos seus familiares, ou transportando valores e documentos.
A revolta maior é que essas mortes poderiam ser evitadas se adotadas as medidas de segurança corretas pelos bancos, entre elas as portas de segurança com detectores de metais, o número correto de vigias treinados nas agências, ou seja todo um plano de segurança que as empresas conhecem, mas muitas vezes não executam.
No caso de Bárbara, como explicar que assaltantes entrem armados numa agência que aparentemente tem porta com detector de metal. O detector não existia? O equipamento estava desligado? Não estava ajustado? A apuração e resposta para essa falha, como outras que acontecem, poderia impedir novas mortes.
Mas o tema não é só técnico. Passa pelo respeito à vida. Que os bancos assumam sua responsabilidade na segurança a bancários e clientes em suas dependências. Que valorizem mais a vida que o dinheiro em seus cofres. Que adotem os planos de segurança, em lugar de preferir pagar multas por não adotar as medidas necessárias. Que parem de culpar a insegurança vivida na sociedade e usem parte de seus lucros recordes no investimento de segurança.
Bárbara e essas outras dez pessoas mortas no último ano também poderiam estar vivas se os banqueiros da Fenaban se dispusessem a negociar com seriedade esse tema, não dizer que isso é apenas “uma questão técnica” e que no máximo “aceitariam sugestões”, sem nenhum compromisso de aplicá-las.
A sociedade brasileira precisa de explicações e medidas efetivas de combate à violência bancária. Não basta gastar milhões em propaganda e marketing, nem divulgar balanços sociais. O principal investimento tem de ser na vida. Bárbara poderia estar viva, mas quanto a isso não há muito a fazer. Mas outras mortes podem e devem ser evitadas.
Por isso exigimos que os bancos assumam a sua responsabilidade. Afinal, a tão falada responsabilidade social das propagandas deve ser aplicada na prática, começando com a segurança nas agências bancárias.