* Artur Henrique
O Seminário Nacional Desenvolvimento, Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, que realizamos nesta terça e quarta, em São Paulo, é um esforço no sentido de dar visibilidade a propostas históricas do movimento sindical e acumular apoio entre as demais centrais para encaminhar e concretizar reivindicações de consenso.
A maior parte das idéias que foi incorporada ao documento base tem origem em resoluções da CUT e de seus ramos, produzida em diferentes períodos. É, portanto, reflexo de nosso genuíno acúmulo de experiências e convicções. Outras são contribuições das sete centrais que estão organizando conosco o Seminário. Propostas que se completam e que estão de acordo com nossos princípios.
A organização conjunta se insere no mesmo movimento de construção das Marchas Nacionais do Salário Mínimo, que em sua última edição atingiu forte grau de unidade e que em três anos conquistou os maiores aumentos reais em mais de duas décadas e meia. A elaboração de uma política de médio prazo para valorização do salário mínimo é outro fruto desse trabalho conjunto.
Trabalho que se volta agora pela manutenção do veto presidencial à emenda 3. Se o veto a essa emenda for derrubado no Congresso Nacional, como querem alguns deputados e senadores, estará aberta a possibilidade para um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores na história recente do Brasil.
Há unanimidade entre nós contra a derrubada do veto e estamos organizando paralisações para o próximo dia 10, como forma de deixar bem claro à sociedade qual a nossa posição sobre o assunto. Diante do risco representado pela emenda 3 e da proximidade da votação do veto no plenário do Congresso, a organização do Seminário teve rapidez e flexibilidade para dedicar a tarde de quarta-feira para uma grande plenária na Quadra dos Bancários, como atividade de organização das paralisações. O período estava reservado inicialmente para a conclusão dos debates.
Vamos à luta, mobilizando nossas bases através de assembléias e reuniões nos locais de trabalho, para que as greves de três horas que vamos realizar no dia 10 tenham o máximo de participação e retirem definitivamente a emenda 3 de cena.
Com o mesmo espírito, vamos lutar para que a Agenda dos Trabalhadores pelo Desenvolvimento, que será lançada durante o Seminário e que trará as principais propostas que discutiremos, paute o debate na sociedade e faça frente ao pensamento ora dominante. Na disputa pela opinião pública, devemos mostrar que não defendemos desenvolvimento a qualquer custo ou qualquer tipo de desenvolvimento, mas desenvolvimento que coloque o trabalhador e a trabalhadora em posição digna nos destinos do país.
Terminado o Seminário, o desafio será consolidar nossas propostas e implementar o maior número possível delas, através de mobilização e negociação nos municípios e estados brasileiros, frente ao empresariado e aos governos, nos três níveis.
Assim, a CUT estará colocando em curso a próxima etapa de sua Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, decidida em nosso Planejamento Estratégico Situacional, realizado em novembro com a participação de toda Executiva Nacional. A Jornada, tal como planejada pela CUT, é o carro-chefe das demais ações da CUT, como a Campanha Unificada dos Trabalhadores e com ela se articula.
*Presidente nacional da CUT