Por Ricardo Jacques*
A luta pelas reivindicações que os funcionários do Banco do Brasil no Paraguai estão encampando é justa. A greve que começa na segunda-feira é justa, porque infelizmente a diretoria do BB no Paraguai não faz nenhum esforço para atender à pauta e valorizar o trabalho dos seus empregados, que contribuem para este lucro fabuloso anunciado recentemente pelo banco.
A prova do descaso é esta proposta inaceitável de míseros 7,5% de reajuste sobre uma parte das remunerações, frente a uma perda salarial de 70%, acumulada após oito anos de arrocho. Mesmo assim, em busca de um acordo em mesa de negociação, os trabalhadores reivindicam 30% de reposição.
Isto mostra o lado que está disposto a negociar e chegar a um acordo e o lado que está levando o movimento para a greve. Principalmente quando comparamos o valor reivindicado com os reajustes do salário mínimo no Paraguai (35% nos últimos 3 anos).
Fora as reivindicações econômicas, os bancários do BB no país vizinho exigem melhores condições de trabalho. Respeito aos trabalhadores e aos seus sindicatos é imprescindível para uma boa relação entre as partes.
Pressões e ameaças para impedir a greve não faltaram nos últimos tempos. A mais recente ação da direção do BB foi mandar três gerentes do banco que são brasileiros e atuam no Paraguai até o Consulado do Brasil pedir que a entidade intervenha na Justiça paraguaia para que a greve seja declarada ilegal.
Isto é um absurdo, ainda mais que um dos gerentes, de Ciudad del Este, recebe um salário que equivale a 30% da folha de pagamento da agência. Ainda voltaram com as ameaças de fechar a agência de Ciudad del Este, que com tanto sacrifício a Contraf-CUT e os sindicatos no Paraguai conseguiram impedir.
No Brasil, estamos todos atentos ao desfecho do impasse no Paraguai e buscando a retomada do diálogo com o BB, por meio da Contraf-CUT. Queremos chegar a uma solução negociada para os problemas. Vamos continuar pressionando daqui para que o Banco do Brasil atenda às reivindicações dos bancários.
Os colegas do Paraguai podem estar certos que não estão só nesta jornada. A Contraf-CUT e os sindicatos filiados apóiam o movimento grevista no país vizinho e estamos trabalhado para encontrar soluções.
A luta sempre foi o caminho para garantir os direitos dos trabalhadores e a greve, em muitos momentos, é um instrumento para viabilizar as reivindicações.
Reunião tripartite
Amanhã, dia 9, às 8h, haverá mais uma reunião entre o Ministério do Trabalho e da Justiça do Paraguai, o Banco do Brasil e o Sindicato que representa os empregados do BB no país vizinho. Esta é uma das últimas chances da empresa evitar a greve e atender as reivindicações dos bancários. Esperamos bom senso da direção do banco.
* Ricardo Jacques é secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT