Aprovadas propostas do Rio e Espírito Santo para Campanha Nacional

Arrancada para a construção da unidade nacional em Três Rios

Os bancários dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo realizaram no último sábado, dia 30, no ginásio do Clube Independência, em Três Rios, a Conferência Interestadual da categoria. Os participantes aprovaram índices de remuneração e demais cláusulas de reivindicações que serão debatidas e votadas na 14ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada nos dias 20, 21 e 22 de julho, em Curitiba.

Foi aprovado um índice de reajuste salarial de 12% e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4.500 fixos sem teto. O piso salarial defendido para toda a categoria é o salário mínimo do Dieese (cerca de R$ 2.329).

Os bancários decidiram ainda priorizar questões importantes como saúde, defesa do emprego, fim da alta rotatividade no setor financeiro e das terceirizações, feitas através dos chamados correspondentes bancários, além de mais segurança e fim do assédio moral e das metas abusivas.

Ainda nas questões econômicas, os bancários fluminenses e capixabas reivindicam que o valor do auxílio-creche seja de dois salários-mínimos. Duas propostas novas também foram aprovadas: a criação de triênio de 2% a ser aplicado sobre as verbas fixas e a instituição de um vale-cultura, um incentivo em dinheiro para o bancário usufruir de atividades e produtos culturais como cinema, teatro, espetáculos musicais e de dança, livros, CDs, etc.

Os bancários foram unânimes em afirmar que a categoria só conseguirá avanços na campanha salarial com unidade e mobilização.

“A história nos mostra que a estratégia da unidade nacional é vitoriosa e que a mobilização é fundamental para uma campanha forte, que jamais poderá abrir mão de sua principal arma, a greve”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Almir Aguiar.

Saúde

O diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, Gilberto Leal, lembrou que a Contraf-CUT escolheu 2012 como o ano da saúde do trabalhador. “A saúde é hoje uma questão tão relevante quanto o debate sobre os índices de remuneração. É cada vez maior o número de bancários que sofrem de LER-Dort, estresse e depressão. As metas abusivas e o assédio moral estão institucionalizados pela política de recursos humanos dos bancos”, avalia.

O sindicalista cobrou ainda um programa de reabilitação profissional, uma conquista da categoria, mas que não vem sendo cumprida pelos bancos. Ele criticou também o desrespeito dos peritos do INSS com os trabalhadores. “Os peritos agem como se o empregado em licença médica quisesse ‘ludibriar’ a Previdência e o empregador”, destaca.

A diretora da Contraf-CUT, Jô Portilho, destacou a importância da prevenção. “É preciso garantir que o trabalhador tenha pelo menos um dia de licença por ano para fazer tratamentos e exames preventivos, como é o caso do exame de colo de útero e de próstata”, disse.

Emprego

Outro tema que preocupa os bancários são as demissões. A vice-presidente do Sindicato, Adriana Nalesso, criticou a alta rotatividade no setor bancário e propôs uma moção de repúdio ao Itaú, aprovada pela plenária. O banco já cortou mais de sete mil vagas em 12 meses.

Os bancários capixabas e fluminenses reivindicam que os termos da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão imotivada, sejam incluídos na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.

Avanços sociais

Para ampliar os avanços sociais, que envolvem questões não financeiras, os bancários reivindicam a ampliação da licença-paternidade para 180 dias e a garantia de 1 dia por ano para cada trabalhador ou trabalhadora em banco realizar exames preventivos do câncer de ovário, colo do útero, mama e próstata.

Sistema Financeiro

A Conferência Interestadual criticou a concentração do sistema financeiro, que é prejudicial à categoria, já que as fusões resultam sempre em dispensas de funcionários. Na avaliação dos sindicalistas, a sociedade também perde com a falta de competitividade, que contribui para a elevação do spread bancário (custo do crédito) e das tarifas. Os seis maiores bancos do país, que detinham 65% dos ativos do setor, em 2011, já controlavam 81% destes ativos, dados que comprovam a concentração bancária cada vez maior no país.

Emoção

Um momento comovente da Conferência foi a homenagem póstuma prestada a André Wagner Gebara, presidente eleito do Sindicato dos Bancários de Macaé, vítima de acidente de carro, no último dia 19, e a Clóvis de Castro Souza, presidente do Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis, que morreu em dezembro do ano passado.

No encontro foi feito ainda um abaixo-assinado contra o Projeto de Lei 4330/04, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que regulariza todo o tipo de terceirização, o que, na avaliação dos sindicalistas, representa uma ameaça real para a existência da categoria bancária e para os trabalhadores de um modo geral.

Participação

Segundo dados da Federação dos Bancários do Rio e Espírito Santo, participaram do evento 474 bancários, sendo 109 mulheres e 365 homens. Desta forma, a Federação elegeu 79 delegados, mais 8 observadores. Todos os sindicatos filiados estarão representados nessa delegação que irá para a 14ª Conferência Nacional.

Atualizada em 04.07.2012

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