Após suicídios, bancos espanhóis suspendem despejos de endividados

Protesto contra despejos em frente à sede do Partido Popular, em Barcelona

Atendendo a um pedido do governo de Mariano Rajoy, os bancos espanhóis decidiram nesta segunda-feira (12) suspender por dois anos os despejos de proprietários endividados. A determinação é feita após uma série de suicídios de moradores que foram obrigados a sair de suas casas.

Em comunicado, a Associação Espanhola de Bancos diz que a medida foi tomada “por razões humanitárias e no marco de sua política de responsabilidade social” e será aplicada a “circunstâncias de extrema necessidade”, que não descritas pelo documento.

“O conteúdo deste compromisso foi objeto de um debate intenso e profundo dos bancos associados a fim de contribuir para minimizar a situação de desamparo de muitas pessoas por causa da crise econômica”, disse.

No entanto, a medida não terá caráter retroativo, não sendo válida para processos de despejo que já estão em execução.

A entidade também se colocou à disposição para conceder informações ao governo e à oposição sobre a ordenação do mercado de financiamento imobiliário.

SUICÍDIOS

A mudança no comportamento dos bancos foi motivada por uma série de suicídios e tentativas de suicídios de moradores de casas que receberam uma ordem de despejo por não terem pago as hipotecas.

O último caso foi o de uma mulher de 53 anos, moradora de Barakaldo, no País Basco, que se jogou do segundo andar de seu prédio, na sexta-feira (9). Cerca de 400 mil espanhóis perderam suas casas desde o início da crise, em 2008.

Após a morte da mulher, que militava no Partido Socialista, a oposição começou a pressionar pelo governo de Mariano Rajoy, que convocou uma reunião nesta segunda-feira no Parlamento para acertar uma medida para evitar os desalojamentos.

No fim de semana, os espanhóis endureceram o coro contra os despejos, incluindo protestos dentro de jogos de futebol. No domingo (11), a torcida do Rayo Vallecano, time da periferia de Madri, levou uma faixa que dizia:

“Estes não são suicídios, são assassinatos. Os bancos e os políticos são cúmplices. Parem os despejos!”.

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