Após queda da Selic, CUT agora cobra redução do spread bancário

Em entrevista exclusiva à Carta Maior, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, diz que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deveriam liderar a redução do spread cobrados pelas instituições financeiras.

“Os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada”, diz ele, que, no dia 15, ao lado de outros sindicalistas, proporá à presidenta Dilma a criação de uma conferência nacional do setor financeiro.

Para ele, a redução mais intensa da taxa básica de juro, a Selic, iniciada pelo Banco Central, é apenas o primeiro passo para tirar a economia brasileira da rota da crise internacional.

Na opinião de Artur Henrique, o governo precisa atentar agora para os spreads cobrados pelas instituições financeiras, que encarecem o crédito e penalizam o setor produtivo.

“Os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada”, critica o sindicalista, em entrevista exclusiva.

No próximo dia 15 de março, ele e líderes de outras centrais se reunirão com a presidenta Dilma Rousseff em Brasília. No encontro, eles defenderão que o governo crie uma conferência nacional do setor financeiro, para debater “qual o papel dos bancos no Brasil”.

“Queremos sentar juntos, todos os setores interessados, os banqueiros, para que possamos ter clareza sobre os problemas e, assim, propor medidas para enfrentá-los”, disse Artur Henrique.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Carta Maior – O governo acelerou o corte da taxa de juro básico da economia. Aprova a medida?

Artur Henrique – Sim, mas isso não basta. Ainda temos uma taxa de juro real de 3,5 a 4%. E os bancos ainda usam o falso argumento da inadimplência para cobrar 230% de juros no cartão de crédito. É uma verdadeira usura que precisa ser enfrentada.

CM – Por que “falso argumento”?

AH – Quando propusemos a criação do crédito consignado, a idéia era justamente enfrentar o argumento de que a inadimplência fazia o Brasil ter juros altos. Com essa modalidade, o pagamento do empréstimo sairia direito do salário do trabalhador, com risco zero. Mesmo assim, hoje se cobra até 23% de juro no crédito consignado. O spread é um absurdo.

CM – Como mudar isso?

AH – No próximo dia 15 temos reunião com a presidenta Dilma e vamos propor uma conferência nacional do sistema financeiro, para debater qual o papel dos bancos. Queremos sentar juntos, todos os setores interessados, os banqueiros, para que possamos ter clareza sobre os problemas e, assim, propor medidas para enfrentá-los, inclusive medidas legislativas.

CM – Os bancos públicos poderiam ajudar mais a derrubar o spread?

AH – Claro. No início da crise, em 2008, após a quebra do Lehman Brothers, fizemos uma campanha para que os trabalhadores trocassem seu banco por outro com juro menor. Banco do Brasil e Caixa tomaram a decisão de reduzir suas taxas na época, o que pressionou as instituições privadas a fazerem o mesmo. É uma estratégia que precisa ser repetida agora.

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