Em reunião ocorrida nesta segunda-feira, dia 6, em Brasília, com representantes das entidades sindicais dos bancários, o Banco do Brasil não aceitou a proposta de suspender a transferência do Centro de Suporte Operacional (CSO) de Porto Alegre para Curitiba, sob alegação de que a centralização integra o projeto de Medidas Estruturantes implantadas em maio de 2007. Entretanto, o BB recuou no prazo inicialmente previsto para setembro, adiando para dezembro, garantindo que não haverá demissões, com realocação na região que o funcionário escolher, preferencialmente com a mesma remuneração.
Participaram da reunião o funcionário do BB e diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Flávio Pastoriz, o funcionário do BB e diretor da Federação dos Bancários do RS, Mauro Cárdenas, o diretor do SindBancários e da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, a funcionária do BB, diretora da Contraf-CUT e conselheira eleita da Previ, Mirian Fochi, e o deputado estadual Adão Villaverde (PT-RS), que agendou o encontro.
Pelo BB, estiveram presentes o vice-presidente de Tecnologia e Logística, José Luiz Prola Salinas, o gerente executivo da Diretoria de Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental, José Roberto Mendes do Amaral, e o diretor da Unidade de Suporte Operacional, Sebastião Antonio Bueno Brandão.
Não ao fechamento da CSO
“O banco abriu diálogo, ao contrário do que ocorreu em 2007, após o dia nacional de luta dos bancários do BB, realizado na última quinta-feira, e a pressão exercida pelas entidades sindicais e a Comissão de Empresa dos Funcionários durante as negociações permanentes nos dias 2 e 3”, afirma Pastoriz. “Além de acarretar transtornos aos empregados, a concentração dificulta a qualidade do crédito e a agilidade no atendimento aos clientes”.
“O BB diz que a medida é irreversível, mas tantos outros projetos já foram mudados e essa questão deveria ser revista, uma vez que enfraquece a atuação e a imagem do banco no Estado”, salientou Mauro. “O BB, como banco público, não pode seguir a lógica dos bancos privados. A transferência de serviços para Curitiba reduz a presença do banco no RS, um estado com enorme potencial econômico, sobretudo em comércio exterior e agronegócio”, frisou Ademir.
Mirian lembrou que, além de Porto Alegre, o BB prepara a transferência da CSO de Cuiabá para Brasília, também no segundo semestre, depois de ter fechado Ribeirão Preto e Campo Grande no primeiro semestre. “Esse projeto de reestruturação, além de afetar os clientes, traz sérios problemas aos funcionários e, por isso, somos contrários”, alertou.
O deputado ressaltou que a Assembléia Legislativa do RS debateu a reestruturação do BB, durante audiência pública, em 2007. “Queremos o BB atuando com força no Rio Grande, contribuindo para o desenvolvimento do Estado, o que significa a manutenção de suas estruturas para a melhoria do crédito e a qualidade no atendimento aos clientes”, salientou.
Realocação
Após ouvirem os bancários e o parlamentar, os dirigentes do BB mantiveram o projeto de reestruturação, mas asseguraram a preservação dos empregos. “Não haverá demissões, ao contrário dos processos de fusões dos bancos privados. Queremos abrir oportunidades, assegurar ao funcionário o direito de escolher onde trabalhar e minimizar o impacto para as famílias desses funcionários”, disse Salinas.
O BB garantiu que a transferência da CSO de Porto Alegre para Curitiba, prevista para setembro, fica adiada para dezembro. “Não estamos dando as costas para o RS, que é um dos celeiros do Brasil. A centralização integra o projeto de reestruturação, com o uso de novas tecnologias. O nosso foco é o atendimento”, completou o vice-presidente do BB.
José Roberto, atual negociador do BB, declarou que “não há desrespeito com o RS”, alegando que “a realocação será feita na região em que o funcionário escolher”. O banco prometeu o pagamento do VCP por quatro meses, ficando de conversar com a Gepes e a Superintendência Estadual para buscar comissões em outras áreas e agências, com treinamento presencial. Também ficou de estudar outras alternativas para os funcionários envolvidos. “O nosso compromisso é realocar. Os que ficarem sem comissão serão considerados extra-quadro”, declarou.
Em relação à Gecex, o BB informou que o suporte será centralizado, mas não o atendimento. Os representantes do banco adiantaram ainda que outras mudanças irão ocorrer no atendimento, a partir das novas tecnologias, dizendo que os funcionários terão mais tempo para atender o cliente.
Os dirigentes sindicais aproveitaram para dizer que a tecnologia não está aliviando a pressão no trabalho e liberando os funcionários para qualificar o atendimento. A pressão das metas não acabou e muitos funcionários estão adoecendo. Também foi dito ao BB que os avanços tecnológicos não têm sido acompanhados de melhorias na segurança das unidades.