Após 504 ataques a bancos em 2012, estados do Sul discutem parceria

Autoridades, policiais, bancários e bancos debatem ações conjuntas

Maior troca de informações. Reforço na segurança dos bancos. Aumento nas penas para quem usa explosivos. Ideias não faltaram no encontro entre policiais e peritos catarinenses e gaúchos, realizado na quinta-feira (25) na sede da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O anfitrião foi o secretário Airton Michels. A aliança deverá contar também com a participação de autoridades paranaenses.

A epidemia de assaltos, furtos e arrombamentos contra instituições bancárias motivou a reunião, inédita no atual governo. Os criminosos realizaram este ano 504 ações contra estabelecimentos bancários dos três Estados sulinos. Isso inclui assaltos convencionais, furtos com uso de maçaricos e ataques com explosivos.

Clique aqui para ver o levantamento de ataques a bancos no Sul.

Conforme números das polícias civis e também do sindicato de vigilantes, o campeão na modalidade é Santa Catarina, com 196 casos, seguido do Paraná, com 183. O Rio Grande do Sul registrou 125.

A grande questão é que o número de ataques cresceu 72% em relação aos 293 registrados no mesmo período do ano passado na Região Sul.

Quadrilhas estariam migrando de um Estado para o outro

É por isso que participaram da reunião ontem, entre outros, os delegados Anselmo Cruz (Divisão de Furtos e Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais de SC) e Alfeu Orben, da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil catarinense.

– Nosso grande problema são os “caixeiros”, que usam maçarico para arrombar os caixas eletrônicos. Identificamos mais de 500 catarinenses que exportam tecnologia desse tipo, inclusive para Estados como Piauí, Bahia – lamenta Anselmo.

Vários desses arrombadores acabaram presos no Rio Grande do Sul e no Paraná, o que evidencia o vaivém das quadrilhas. Os ladrões que cometem assaltos convencionais também estariam migrando entre os Estados sulinos. Por último, há suspeita de que os assaltos a carros-fortes realizados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (em Nova Petrópolis, na Serra) nos últimos dias tenham sido cometidos pela mesma quadrilha.

Uma das propostas é endurecer penas

Maior segurança nas agências e intercâmbio permanente de dados são as duas primeiras providências que catarinenses e gaúchos pretendem tomar para frear o surto de ataques a bancos no Sul.

A reunião, realizada ontem no 7º andar da Secretaria da Segurança Pública do RS, deveria contar com presença de policiais paranaenses, que desistiram da viagem na última hora. Justo o Estado que mais crescimento teve nessa modalidade de crime. Eles devem comparecer na próxima reunião, que será em Florianópolis.

A principal preocupação de bancários e banqueiros, também presentes na reunião, é com os funcionários das agências. Foi debatida a possível adoção de biombos próximos aos caixas, para evitar que os ladrões vejam o dinheiro sendo manipulado. E também adoção de portas rotatórias e blindagem em pequenas agências que ainda não contam com o aparato, no Interior.

Da parte dos policiais, a troca de informações, já existente, deve aumentar. O delegado Anselmo Cruz, do Deic catarinense, ressalta que agentes catarinenses prenderam recentemente bandidos fortemente armados que agiam em Santa Catarina, mas eram de Minas Gerais, graças à colaboração dos policiais mineiros.

O delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Roubos de Porto Alegre, lembra que tem obtido informações sobre bandidos que assaltam em Torres, mas são catarinenses. Ele salienta que muitas quadrilhas mudaram do roubo de veículos e a comércio para ataques a bancos, atrás de mais rentabilidade e rapidez.

O secretário-adjunto da Segurança Pública no RS, Juarez Pinheiro, acha que a lei também deve mudar. Ele defende aumento da pena para quem usar explosivo nos ataques. Hoje, se não forem atacadas pessoas, as explosões são enquadradas penalmente como furto qualificado (reclusão de dois a oito anos, mas usualmente fixada abaixo de quatro anos).

– Muitas vezes, o sujeito nem fica preso. É preciso endurecer a pena contra quem oferece potencial mortífero, como explosivos ou armas – pondera.

Uma mudança como essa depende de aprovação de lei pelo Congresso.

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