Apesar das pressões a greve se intensifica em Porto Alegre

A estratégia dos bancos de ataque à greve dos bancários tem encontrado a resistência do movimento nas agências. E a estratégia vem de São Paulo. O sinal de que os bancos atacariam a GREVE veio nas duas últimas duas mesas de negociação. Sem nova proposta, os representantes da Fenaban na mesa de negociação apostaram no enfraquecimento das paralisações e perderam feio. No 16º dia, esta quarta-feira, 21/9, a retomada da GREVE após o Feriado Farroupilha registrou novo crescimento de agências fechadas.  Foram 297 na área de abrangência do SindBancários, totalizando 982 em todo o Rio Grande do Sul.

A estratégia dos bancos começou com pressão de Superintendências Regionais na segunda-feira e seguiu com um interdito proibitório do Santander. Outra ataque à GREVE  veio justamente de uma entidade que também defende trabalhadores. A OAB-RS entrou com uma liminar na Justiça do Trabalho, na terça-feira, 20/9, solicitando que agências bancários de foros ficassem abertas para atender advogados.

No início da tarde, assembleia de organização da greve definiu o calendário de lutas até a segunda-feira. Nesta quinta-feira, 22/9, a partir das 4h, haverá saída de piquetes móveis da frente da Casa dos Bancários para participação dos bancários no Dia Nacional de Lutas, Protestos e Paralisações, chamado pelas Centrais Sindicais, entre elas a CUT e a CTB.

Sem que haja novas propostas da Fenaban de reajuste salarial, o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, orientou o fortalecimento do movimento e a participação na luta em defesa dos direitos com outras categorias de trabalhadores. “Mesmo antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff, estamos informando a nossa categoria sobre os ataques que vêm por aí. Os bancários mais antigos sabem como foram os anos 1990. Foram anos sem aumentos reais de salários, de retrocesso e retirada de direitos e de muita privatização do patrimônio público. Defendemos que essa lógica está de volta”, avalia o presidente do SindBancários.

Para o presidente do SindBancários, inúmeros Projetos de Lei que já estão tramitando no Congresso Nacional ou que já foram aprovados, como o PLC 030, o da Terceirização, que aguarda votação no Senado, ameaçam direitos. A reforma trabalhista que aparece nas redes de TV privadas como modernização das relações do trabalho é outra questão que preocupa o movimento sindical. A Reforma da Previdência Social, com proposta de idade mínima de até 70 anos, as 12 horas de trabalho como limite da jornada diária, o negociado sobre o legislado e as privatizações de empresas públicas estão entre os ataques referidos. 

“Esse conjunto de ataques está em fase de aceleração após o impeachment. O resumo disso é a retomada do projeto de redução de tamanho de estado combinado com redução de direitos. O negociado sobre o legislado, por exemplo, é o guarda-chuva do retrocesso. Os trabalhadores podem perder até Férias e 13º se os patrões quiserem impor na mesa de negociação”, alertou Gimenis.

Retrocesso está de volta nos bancos

Uma das provas de que um período de arrocho de salários está de volta pode ser é estratégia dos bancos na mesa de negociação deste ano. Até agora, foram feitas duas propostas de reajustes pelos representantes da Fenaban. A proposta mais recente propõe reajuste de 7% do piso e das verbas salariais dos bancários (vales e auxílios) e abono de R$ 3.300,00. O índice não repõe nem a inflação, que foi de 9,62%.

“Os bancos apostaram que a greve ia se enfraquecer. A greve começou muito forte e segue crescendo. Os bancários compreenderam que aceitar índice sem reposição de inflação é um retrocesso. A GREVE é justa. Os bancos têm muita lucratividade. E os bancários trabalham muito, vivem sob assédio moral para bater metas abusivas e adoecem muito. Por isso a indignação. Proposta que não cobre nem a inflação deixa os trabalhadores dos bancos indignados”, finaliza Gimenis.

O 16º dia da greve dos bancários teve almoço coletivo e a palestra de um ilustre bancário. O ex-governador e ex-presidente do SindBancários Olívio Dutra proferiu a Aula Pública “A Organização das Lutas dos Trabalhadores”, na Praça da Alfândega, em frente à Agência Central do Banrisul, banco em que Olívio trabalhou.

 

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