Os gaúchos demitidos do então Banco Meridional durante o governo Collor (1990-1992) estão mais próximos da reintegração ao serviço público federal. Depois de uma longa batalha jurídica e espera pelos trâmites burocráticos, pelo menos 70 ex-funcionários da instituição no Estado aguardam a recolocação até o final do ano.
A alegação dos ex-bancários era de que as demissões foram irregulares ou tiveram motivação política. A parte administrativa do processo se encerrou no primeiro semestre.
Um grupo de 34 pessoas, incluindo desligados do banco no Rio de Janeiro, teve em maio o julgamento favorável de suas ações pelo Conselho Especial Interministerial, criado para analisar casos como o do Meridional e de outras empresas federais vendidas ou extintas. Outros 76 receberam a confirmação da condição de anistiados.
A Advocacia-Geral da União também deu parecer favorável ao pleito pelo reconhecimento do vínculo com a Caixa Econômica Federal, que herdou alguns serviços do Meridional, privatizado em 1997.
A proximidade de um final feliz para o episódio deverá encerrar dramas como o do motorista Luiz Antônio Frozi, 44 anos. Ele lembra ter sido demitido em agosto de 1991, quando tinha um filho de um ano e meio e uma filha recém-nascida. Para sustentar a família, teve de trabalhar como sacoleiro e caminhoneiro.
– O meu padrão de vida caiu muito. Tirei dinheiro de onde não tinha e me endividei para conseguir criar os meus filhos – conta Frozi.
O autônomo Roberto Brum da Silva, também ex-funcionário do Meridional, era um dos líderes do movimento que buscava a reparação dos direitos. Para Silva, o desfecho favorável vai devolver a dignidade aos envolvidos.
– Muitas pessoas estão até hoje em uma situação emocional e financeira difícil e dependem de favores e de familiares para viver – diz o autônomo.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região Metropolitana, Juberlei Baes Bacelo, lembra que agora começa a busca pela recolocação.
Receita admite a falta de pessoal, mas pede qualificação
Apesar do reconhecimento do vínculo com a Caixa, estariam na Receita Federal as maiores possibilidades de reintegração. Procurada, a Superintendência em Porto Alegre informou que há falta de pessoal e interesse em contratar os anistiados, “desde que sejam qualificados” para as funções carentes.
Conforme o Ministério do Planejamento, o julgamento favorável não significa uma readmissão imediata. A preferência é para desempregados ou para quem recebe menos de cinco mínimos.