Brasília – A alta das taxas de juros bancários aumenta “sistematicamente” o endividamento e compromete o planejamento financeiro das famílias. A avaliação é do economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli. Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) na semana passada, a taxa média de juros (pessoas físicas e jurídicas) aumentou 4,2 pontos percentuais no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2007, e chegou a 38% ao ano em junho.
“A alta nos juros bancários vai pesar ainda mais no bolso dos brasileiros e vai comprometer ainda mais o orçamento familiar”, disse em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
Com a elevação anunciada na semana passada pelo Banco Central (BC), os juros bancários representaram em junho 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país), o maior percentual desde janeiro de 1995. A tendência é continuar subindo, de acordo com o BC.
Piscitelli afirma que, com alta da taxa Selic – que iniciou 2008 em 11,25% e já está em 13% ao ano – e o aumento da inflação, as pessoas que forem renegociar as dívidas terão prazos menores e uma taxa de juros mais elevada. “Muitas pessoas exageraram na dose e se endividaram. Agora vão enfrentar dificuldades”, afirma.
Ele conta que um dos principais vilões dos endividamentos têm sido o cheque especial. Em junho, os juros da modalidade de crédito atingiram 159,1% ao ano, chegando próximo da maior marca, a de agosto de 2003 (163,9%). “Cheque especial é uma das modalidades mais irracionais de obtenção crédito”, classificou o economista.