Bloomberg News
Brian Parkin e Tony Czuczka, de Berlim
O gabinete da chanceler alemã Angela Merkel aprovou um projeto de lei preliminar permitindo que o governo assuma o controle da instituição de crédito imobiliário Hypo Real Estate Holding AG, o que abre caminho para a primeira estatização de banco realizada pela Alemanha desde a década de 1930. O projeto de lei autoriza o governo a realizar a compra compulsória de ações de bancos “sistemicamente relevantes”. Para tranquilizar parlamentares receosos com a possibilidade de afungentar investidores estrangeiros, o projeto inclui restrições que asseguram que a operação só pode ser empreendida como último recurso.
O governo de Merkel “fez o máximo para evitar o rótulo da estatização, com temor de ser acusado de encampar propriedade privada”, disse Wolfgang Gerke, presidente do Centro Bávaro de Finanças de Munique, em entrevista. “A legislação reflete os fatos: o banco só vai sobreviver com dinheiro dos contribuintes — e muito desse dinheiro -, e, apesar de não servir de consolo para os acionistas do Hypo, essa medida extraordinária pode ser necessária.”
Os democratas-cristãos de Merkel cederam ao plano dos social-democratas, seus parceiros de coalizão, de autorizar uma tomada de controle compulsória do Hypo, depois que acionistas como a J.C. Flowers & Co. LLC não chegaram a um acordo quanto a um preço de venda de suas ações. Os papéis do Hypo, sediado em Munique, despencaram 92% desde 25 de setembro do ano passado, quando a instituição recebeu 102 bilhões de euros (US$ 128 bilhões) em garantias e crédito públicos. As conversações com a J. C. Flowers sobre sua participação de 24% no Hypo continuam.