Bloomberg
Joe Brennan
A Irlanda precisa injetar imediatamente pelo menos mais ? 5 bilhões (US$ 6,8 bilhões) nos dois maiores bancos do país, como parte do resgate internacional do país, afirmam analistas. O Ministério das Finanças da Irlanda, comandado por Brian Lenihan, deverá também desmembrar os dois bancos na preparação para uma venda e forçar novas perdas aos detentores de bônus subordinados do Allied Irish Banks, o segundo maior banco do país em valor de mercado, do Bank of Ireland, o maior, e do Irish Life & Permanent, segundo os analistas.
“Precisamos resolver o problema bancário de uma vez por todas”, disse ontem Oliver Gilvarry, diretor de análises da corretora Dolmen Securities de Dublin. “Os bancos precisam ser capitalizados antecipadamente.”
A Irlanda concordou no domingo em buscar a ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Lenihan não disse qual será o tamanho do socorro – limitando-se a estimar que será de menos de 100 bilhões. O principal economista do Goldman Sachs Group para a Europa, Erik Nielsen, disse no domingo que o governo precisa de ? 65 bilhões para se financiar nos próximos três anos e mais ? 30 bilhões para os bancos.
A ação do Bank of Ireland, no qual o governo tem uma participação de 36%, chegou a cair 23% no mercado de ações de Dublin ontem. Ela fechou o dia em queda de 19,13.%, cotada a ? 0,39. A ação do Allied Irish, onde o governo está preparando assumir o controle majoritário até o fim do ano, fechou a ? 0,41, em queda de 6,21%. Na mínima do dia, o papel chegou a cair 12%, para ? 38,3, enquanto que a ação do Irish Life & Permanent chegou a recuar 24% para ? 0,87 centavos.
Os bancos irlandeses forçaram o governo a buscar ajuda depois que perdas com empréstimos ruins surgiram, após o colapso, em 2008, do boom imobiliário do país que durou uma década. Naquele ano, Lenihan prometeu garantir a maioria das obrigações, incluindo todos os depósitos efetuados nos bancos irlandeses, uma promessa que levou o governo a injetar ? 33 bilhões para ajudar os bancos.
À medida que as perdas com empréstimos foram aumentando, o governo colocou o custo do resgate em 50 bilhões em setembro deste ano, alimentando as dúvidas dos investidores de que a Irlanda conseguiria bancar o socorro.
O presidente do banco central Patrick Honohan disse em 10 de novembro que os investidores ainda estavam preocupados com problemas “ocultos” dentro dos bancos. Ele também disse que as perdas dos bancos irlandeses e internacionais que operam na Irlanda podem chegar a ? 85 bilhões, mais da metade da produção econômica anual do país.
O governo começará novamente a realizar testes de estresse nos bancos do país, em preparação para o pacote de resgate. Todos os bancos irlandeses passaram nos testes realizados pelas autoridades da União Europeia em julho, realizados para mostrar quais bancos poderiam suportar uma recessão e baixas contábeis sobre parte de suas posições em dívidas soberanas.
“Um plano estrutural detalhado para a resolução de todas as dificuldades dos bancos irlandeses será desenvolvido como parte do programa”, disse Lenihan no domingo. “O primeiro passo será fazer um teste de estresse detalhado das instituições envolvidas e garantir a robustez de suas posições de capital.”
Os bancos precisam de capital adicional para reforçar suas relações de capital ‘Tier 1’, uma medida internacional de solidez, para pelo menos 10%, segundo disse Gilvarry da Dolmen. O governo poderá então usar “algum tipo de fundo contingencial para proporcionar uma proteção maior.”
O diretor de regulamentação financeira da Irlanda Matthew Elderfield, ordenou em março que os dois maiores bancos do país captassem um total combinado de ? 10 bilhões até o fim do ano, sob as novas metas para os bancos de relações de capital ‘Tier 1’ de 7% e 8%. Elderfield exigiu que o Allied Irish levantasse um adicional de ? 3 bilhões em setembro, depois que as perdas aumentaram.
Em uma nota a clientes divulgada em 18 de novembro, Ciaran Callaghan, analista da NCB Srockbrokers, disse que o Allied Irish e o Bank of Ireland precisam de pelo menos ? 2,5 bilhões cada um para aumentar suas relações de capital ‘Tier 1’ para mais de 10%.